segunda-feira, agosto 19, 2013

Conheça o projeto "Gestão e Produção Cultural na Bahia": uma contribuição para uma postura profissional



Assista o depoimento do professor Albino Rubim, titular da Universidade Federal da Bahia. Docente do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da UFBA. Pesquisador do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura da UFBA e Pesquisador do CNPq. Secretário de Cultura do Estado da Bahia. Autor de inúmeros artigos e livros, dentre os quais Políticas Culturais e o Governo Lula e Cultura e Políticas Culturais.


Por Alê Barreto *
alebarreto@gmail.com


Por que não é comum vermos postura profissional em atividades de produção cultural? Desde 2002 me faço esta pergunta. É um importante exercício que me ajuda a pensar o que podemos construir e melhorar.

Vamos então ao exercício: por que o trabalho com produção cultural muitas vezes não é profissional?

O trabalho com produção cultural, para ser profissional, precisa acima de tudo ser executado por alguém que busque realizá-lo com uma postura profissional.


Se você falar diretamente com a multidão de pessoas que hoje se considera produtor 

porque simplesmente acredita que é um produtor (todo mundo tem o direito de acreditar),

porque anda junto com artistas (tem gente que acha que fica mais profissional por estar perto de artistas),

porque já escreveu ao menos 01 (um) projeto em sua vida (escrever um projeto é importante, mas não confere automaticamente o título de profissional a ninguém),  

porque já enviou uma proposta de projeto para Lei Rouanet ou qualquer outra lei (temos gente trabalhando com produção muito antes do surgimento das leis de incentivo nos anos 90 e há milhares de pessoas no Brasil que produzem sem utilização de leis e editais),

porque acha que ser militante ou ativista necessariamente o torna um produtor cultural


e perguntar "você tem uma postura profissional?", 99% vai responder que "sim".


Acontece que muita gente deste universo de 99% que responderam que tem uma postura profissional, consideram normal:

- uma pessoa trabalhar sem treinamento ou formação;

- uma pessoa trabalhar sem nenhum tipo de contrato formal, seja trabalhista ou de prestação de serviços;

- uma pessoa trabalhar jornadas de 12 a 15 horas por dia, sem intervalo para almoço e descanso;

- uma pessoa trabalhar de graça (utilizando o título de "voluntário"), na promessa que um dia haverá patrocínio e que o trabalho passará a ser pago;

- uma pessoa trabalhar (quando for o caso de receber alguma remuneração) com a pior remuneração do mercado e achar bom;

- uma pessoa trabalhar (novamente: quando for o caso de receber alguma remuneração) aceitando que seu pagamento não tem data certa para ser realizado e que pode atrasar por tempo indeterminado;

- uma pessoa trabalhar tendo que utilizar seu computador e telefone pessoal e pagar as despesas decorrentes deste uso;

- uma pessoa estar à disposição 100% do tempo para um trabalho e ter que aceitar ligação telefônica a qualquer hora do dia e da noite, qualquer dia da semana;

- uma pessoa trabalhar sem orientações claras sobre o que deve fazer e quais são suas responsabilidades.


Conclusão: trabalhar em produção cultural com uma postura profissional ainda é uma novidade no Brasil. Estamos bem melhores do que estávamos em 2003. Não há dúvida que hoje, em 2013, existem várias iniciativas procurando melhorar estas distorções. Mas a mudança é lenta.


Uma forma de acelerarmos esta mudança é cada vez mais as pessoas que tem postura profissional compartilharem o conhecimento da produção cultural.


Neste sentido, o estado da Bahia é pioneiro no Brasil. Muitas ações que tomaram forma no governo Gilberto Gil partiram de iniciativas de redes de pessoas que atuam na produção cultural na Bahia, tanto na reflexão teórica como na prática. O ENECULT é um excelente exemplo.


Agora surgiu mais uma excelente iniciativa. Falo do projeto "Gestão e Produção Cultural na Bahia", desenvolvido por alunos do Curso de Produção Cultural da UFBA sob orientação da professora Gisele Nussbaumer, carinhosamente conhecida por Gica. São entrevistas e depoimentos em vídeo com artistas, gestores, produtores e pesquisadores baianos.
Imagine se todos os estados brasileiros tivessem um projeto similar? E se cada cidade brasileira puder fazer um projeto assim?




Assista o depoimento de Edu O, coreógrafo, dançarino e pesquisador. É integrante do Grupo X de Improvisação em dança. Desenvolveu projetos como o solo Judite que chorar, mas não consegue;Odete traga meus mortos; Ah, se eu fosse Marilyn e O Corpo Perturbador. Pesquisa políticas culturais no Brasil e a dança inclusiva.


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Alexandre Barreto, mais conhecido como “Alê Barreto”, é um profissional multifuncional. Administrador de empresas, diretor de produção e produtor executivo, possui competências tanto para organização de eventos e direção de produção como para planejamento, gerenciamento e execução de projetos culturais, sociais e corporativos. Sua ação pioneira de compartilhar suas experiências práticas têm contribuído para a organização e desenvolvimento de setores criativos brasileiros. Criador do blog “Produtor Cultural Independente”, ativo desde 2006, possui diversos textos citados e recomendados em publicações do SEBRAE e em trabalhos de graduação e pós-graduação. 

Seu livro "Aprenda a Organizar um Show", primeiro método sobre produção executiva de shows publicado em língua portuguesa na internet, já foi acessado por mais de 22.000 pessoas e rendeu-lhe convite para cursos, palestras e consultorias em várias cidades do Brasil e a indicação em 2013 ao Prêmio Dynamite de Música Independente (SP).

Atualmente é um dos gestores do Grupo Nós do Morro no Rio de Janeiro (RJ).

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