terça-feira, agosto 15, 2017

"Nós do Morro me ofereceu tudo que um ser humano precisa para ser uma pessoa melhor"





Por Alexandre Barreto *



O que um ser humano precisa para ser melhor? O que precisamos no nosso estado, na nossa cidade, para vermos as pessoas se tornarem melhores? O que está faltando no Brasil e no mundo para que possamos nos tornar melhores? Chocado com as notícias sobre o confronto ocorrido em Charlottesville pelas manifestações de ódio contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus, fiquei me fazendo estas perguntas. 

A violência ocorrida não é um fenômeno isolado dos EUA. É um sintoma crescente em todo mundo (quando puder, assista o filme "Tiros em Columbine", do diretor Michael Moore, premiado com o Oscar de "Melhor Documentário" em 2003"). Uma realidade que na maior parte das cidades do Brasil ocupa os noticiários todos os dias. Um realidade que empurra as pessoas para diferentes caminhos. Quem não sofreu ainda violência, pensa que é exagero da mídia. Quem já foi vítima ou viu alguém próximo sofrer violência, acredita que a solução é aumentar o número de policiais nas ruas, reduzir a maioridade penal, aumentar as penas e implantar a pena de morte. Os que vivem sob medo constante, partem para colocação de grades, cercas, alarmes, arame farpado, câmeras, vidros blindados, aquisição de serviços de vigilância. Cresce a cada dia o número de pessoas que ingressam em artes marciais, defesa pessoal, esportes de luta e cursos de tiro. E existem também pessoas que acreditam que uma forma de combater a violência é trabalhar promovendo diálogo, educação, convívio e desenvolvimento.

Pensando nisso tudo, sem julgar, mas buscando encontrar mais referências de ações para reverter essa violência no mundo, reencontrei-me com um vídeo de uma das mais importantes escolas por onde passei. Falo do Nós do Morro, grupo que ensina arte na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro. Trabalhei lá como administrador, produtor e gerente de projetos nos anos de 2008, 2009, 2013, 2014 e 2015. No vídeo, exibido no programa "Como será?" da TV Globo, que divulga o Criança Esperança 2017, o mestre Guti Fraga, diretor e fundador do grupo, fala: "(...) quando você tem possibilidade de escolher, de ter opções na sua vida, existem transformações. Você precisa oportunidade".








Imagine um lugar onde você pode estudar arte de forma gratuita. Guti lidera um grupo que há 30 anos oferece essa oportunidade. Muita gente já passou pelas oficinas de teatro e cinema.  E muitas dessas pessoas já se inseriram no mercado, como o ator Thiago Martins, protagonista da novela "Pega Pega" da TV Globo






Outro exemplo inspirador é do ator Renan Monteiro, que aparece falando também no vídeo. Na Globo, Renan já fez participações em Caminho das Índias (2009), Passione (2010), Cordel Encantado (2011), Gabriela (2012), Além do Horizonte (2013) e A Regra do Jogo (2015). Entrou com 7 anos no Nós do Morro. Tornou-se ator da companhia profissional do grupo, professor de teatro e está no elenco da novela "Novo Mundo" da TV Globo. Trabalhei com ele. É um profissional que tem muita garra, talentoso, muito disciplinado. Renan está consciente de que recebeu uma oportunidade. Ele afirma:

"Nós do Morro me ofereceu tudo que um ser humano precisa para ser uma pessoa melhor".

Volto então a pergunta original: o que um ser humano precisa para ser melhor? Há muitas respostas. Mas sem dúvida, "oportunidade" é uma dessas respostas.



Imagens:

Ator Renan Monteiro - Foto: Isabella Pinheiro/ Gshow/Divulgação
Guti Fraga - Imagem do programa "Como será?" da TV Globo
Ator Renan Monteiro - Imagem do programa "Como será?" da TV Globo



Leia a matéria do Gshow "Renan Monteiro e sua história: conheça o ator em 8 fatos"


Assista o documentário "O Rosto no Espelho" de Renato Tapajós, que possui depoimentos de Zezé Siva, Luciana Bezerra, Alexandre Barreto e Babu Santana sobre o trabalho do Nós do Morro 

Leia na BBC Brasil "Intolerância, racismo às claras e fuzis à mostra: o que vi (e senti) no maior protesto movido pelo ódio em décadas nos EUA"

Leia na BBC Brasil "O músico negro que se aproxima de membros da Ku Klux Klan para fazê-los repensarem seu racismo"




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* Alexandre Barreto é administrador pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EAD/UFRGS) e MBA em Gestão Cultural pela Universidade Cândido Mendes (RJ) . Empreendedor que dissemina conhecimentos e atua em redes para promover mudanças. Escreveu os livros Aprenda a Organizar um Show e Carreira Artística e Criativa
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