quinta-feira, fevereiro 23, 2017

Todo mundo quer o sucesso. Mas o que é o sucesso?



A canção "Trem Bala" ajuda a pensar o que é o sucesso



Por Alê Barreto *


Em todas as carreiras, uma das coisas mais perseguidas é o sucesso. Na verdade, uma das coisas que mais se fala sobre uma carreira profissional é que você deve perseguir o sucesso.

Nas carreiras artísticas e criativas, este discurso de buscar o sucesso, chega a ser mais intenso. Parece que alguém não é escritor se não for "um escritor de sucesso". Parece que aqueles quinze anos que você dedicou estudando piano não fazem o menor sentido, a menos que você seja "um pianista de sucesso". Se tiver trabalhado a vida inteira montando cenários, só poderá dizer "fui cenógrafo" se tiver sido um "cenógrafo de sucesso". Para convencer alguém que você é um compositor, terá muito trabalho, salvo se for um "compositor de sucesso".

Mas é interessante pensar que a carreira artística e criativa é um trabalho. E assim como tantos outros trabalhos, depende de uma série de variáveis para evoluir e para se chegar ao sucesso. Mas a pergunta que precisamos fazer, antes de sair correndo buscando o sucesso é a seguinte: o que é o sucesso?

Aproveito para transcrever um trecho inicial do livro "Carreira Artística e Criativa", onde falo sobre esta questão.


[início da transcrição]


A compreensão do que seja uma carreira profissional é uma percepção individual. Contudo, tal percepção é influenciada por representações coletivas. De modo geral, as representações ou “imagens” mais comuns sobre o que seja uma carreira, são formadas pelo pensamento de pessoas que aspiram iniciar seu primeiro trabalho, pessoas que já estão trabalhando, pessoas que refletem sobre como utilizar melhor o tempo produtivo de suas vidas, pessoas que se encontram em transição de carreira ou pessoas que estão em processo de aposentadoria. Este conjunto de imagens tende a convergir para os seguintes caminhos: 

– reflexões sobre os aprendizados oriundos das próprias experiências profissionais e seus impactos na vida pessoal; 

– análise da própria trajetória de realizações profissionais ou de pessoas próximas, tendo como base o conteúdo expresso em currículo ou portfólio;

– interpretação de narrativas divulgadas nos meios de comunicação, filmes, livros e revistas sobre a vida de profissionais considerados “bem sucedidos”. 

Nesta perspectiva, a satisfação ou o questionamento sobre a necessidade de mudanças tem, na maioria das vezes, seu ponto de partida na premissa de que uma atividade específica profissional deve gerar maior reconhecimento social e melhor remuneração, de forma progressiva. Maior reconhecimento e melhor remuneração, nesta forma de perceber uma carreira profissional, significam ser bem sucedido. Não ser reconhecido e/ou não ter uma boa remuneração significam fracasso. 

Nas profissões pertencentes às cadeias produtivas mais tradicionais da economia, esta noção parece ainda predominar. Mas esta é uma noção que está sofrendo uma transformação. Se as gerações passadas preocupavam-se, prioritariamente, com estabilidade, reconhecimento e remuneração, as gerações de hoje, desde o início de sua vida profissional, preocupam-se em trabalhar em atividades que simultaneamente à produção do seu sustento também proporcionem prazer, autonomia, qualidade de vida, exercício da ética, desenvolvimento e/ou desafios. Fazer o que se gosta, trabalhar um número de horas que facilite a realização de outras atividades, atuar em prol de uma causa que beneficie a coletividade, buscar novos aprendizados ou buscar superar limites também passam a ser medidas de sucesso. 

Segundo o estudo “The Next Normal: um olhar sem precedentes sobre a Geração Millennial”, a geração dos “millenials” que abrange 2,5 bilhões de pessoas de nove a trinta anos (o equivalente a 1/3 da população mundial), está redefinindo o conceito de sucesso. De acordo com Adriana Pascale, a gerente da pesquisa, “[...] eles aproveitam o caminho até atingi-lo”. 

Até as empresas já estão incluindo novas medidas de sucesso em suas agendas. A reportagem “Movimento de empresas do bem chega ao Brasil”, publicada na revista “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, registrou a chegada do “Sistema B” em 2013, uma iniciativa para reconhecer e identificar empresas que estão preocupadas em desenvolver produtos e serviços que contribuem para a resolução de problemas socioambientais. 

Uma vez que estas novas medidas de sucesso afetam as relações no mercado de trabalho, a antiga noção de carreira profissional começa a perder terreno. A ideia de desenvolver uma seqüência de trabalhos, no âmbito de uma mesma profissão, muitas vezes em uma mesma organização, visando à obtenção de maior reconhecimento e melhor remuneração, dá lugar a diferentes caminhos. 

Acredito que cada carreira profissional é um conjunto de processos único e singular, sujeito a inúmeras incertezas, tal qual ocorre com a vida de uma pessoa. Pessoas com históricos de vida similares podem ter destinos totalmente diferentes em suas carreiras profissionais, pelo fato de estarem sob influência das mais diversas variáveis. 

Dentre as variáveis que possuem forte influência sobre a condução de uma carreira profissional encontram-se as escolhas, as decisões. Decidir no momento oportuno que objetivos devem ser perseguidos, decidir quais aprendizados devem ser construídos, decidir quais arranjos de recursos devem ser articulados e mobilizados, decidir que rede de alianças deve ser estabelecida, são apenas alguns exemplos de processos decisórios com os quais todos os profissionais se deparam inúmeras vezes ao longo de sua vida profissional. Alguns tomarão decisões que terão efeitos multiplicadores, que potencializarão seus pontos fortes. Outros farão escolhas que podem não contribuir com a busca de seus objetivos. 

A capacidade de tomar decisões construtivas para a carreira profissional pode ser melhor desenvolvida através da união do aprendizado proporcionado pelo exercício da profissão com estudos científicos.

[fim da transcrição]


E você, já se perguntou o que é o sucesso para você?



Leia sem pressa, também:


livro 'Carreira Artística e Criativa"




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* Alexandre Barreto é administrador pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EAD/UFRGS) e MBA em Gestão Cultural pela Universidade Cândido Mendes (RJ) . Empreendedor que dissemina conhecimentos e atua em redes para promover mudanças. Escreveu os livros Aprenda a Organizar um Show e Carreira Artística e Criativa
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