Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com
As carreiras criativas começam de diferentes pontos de partida. No caso de Mirian Goldenberg, a vontade de escrever provavelmente tenha surgido bem cedo, com a descoberta do universo da leitura na biblioteca de seu pai. Numa de suas entrevistas, ela afirma: "li Hermann Hesse, a biografia do Charles Chaplin, Jean-Paul Sartre, Freud, Treblinka, sobre o holocausto".
Acompanho a página dela no Facebook e fiquei sabendo do lançamento de "Sexo", seu mais novo livro. Fiquei curioso, pois tratava-se de um romance. Comprei e já li. Gostei muito. O livro falar prioritariamente sobre questões do universo feminino.
Propus para ela uma pequena entrevista, para conhecer um pouquinho mais dela e aprender mais sobre o livro.
Prepare uma boa xícara de café ou chá e boa leitura!
[início da entrevista]
Alê Barreto - Um acaso do destino nos aproximou anos atrás. Talvez você nem se recorde. Em 2008, quando eu estava chegando no Rio de Janeiro, ao procurar informações que me ajudassem a escolher no que eu poderia retomar os meus estudos, me deparei com o seu livro “Noites de Insônia”. O nome me chamou atenção. Após lê-lo, enviei um e-mail para você propondo um breve contato para falar sobre o mestrado de antropologia e você prontamente respondeu, inclusive dispondo-se a me receber. Essa sua disponibilidade como profissional vem contribuindo com a carreira de escritora?
Mirian Goldenberg - Na verdade, acho que não, pois tenho que me dividir entre muitas atividades como professora, orientadora, palestrante, consultora etc. Não resta muito tempo para escrever, que é o que me dá mais prazer. Além disso, escrevo para a Folha, para a Casa e Jardim e respondo, diariamente, a dezenas de solicitações de entrevistas para rádios, Tvs, jornais, revistas, internet. Também respondo a todas as mensagens que recebo por e-mail ou no Facebook. É fácil compreender porque sofro de insônia e durmo duas ou três horas por noite.
Alê Barreto - Lendo uma entrevista que você concedeu a revista TPM em 2011, fiquei curioso com momentos distintos em sua vida. Num primeiro momento, você estudou medicina, se interessou pela militância política e chegou inclusive a escrever um livro sobre a revolução na Nicarágua. Depois passou a pesquisar mulheres revolucionárias, o que lhe inspirou a escrever o livro “Toda Mulher é Meio Leila Diniz”. De lá para cá, escreveu vários livros sobre comportamento humano, a maior parte deles resultado de suas pesquisas acadêmicas. Apesar do livro “Sexo” tratar de comportamento humano, desta vez você escolheu falar através da ficção. O que lhe motivou a fazer esta escolha?
Mirian Goldenberg -Tenho buscado diversas formas de me comunicar com meus leitores: o humor, a ficção, as colunas, os livros. Em todas elas, tenho como base as minhas pesquisas e observações como antropóloga. SEXO, apesar da linguagem de romance, é baseado em centenas de entrevistas que fiz com homens e mulheres sobre SEXO casual.
Mirian Goldenberg - Foi exatamente este: uma conversa íntima com mulheres e homens. Gosto muito de escrever, não sofro quando preparo um livro. Leio, releio, invento, fico totalmente focada na escrita, tendo ideias o tempo todo (daí a insônia). Queria algo que fosse sério, mas com humor e também libertário. Quero que as mulheres e os homens se sintam mais livres das caretices e preconceitos depois de lerem o livro.
Alê Barreto - Há momentos no livro que você propositalmente repete algumas frases tipo “(...) gozou 6 X seguidas...”. Fiquei curioso para saber se as repetições são apenas para reforçar a compulsão de se pensar num determinado assunto ou se em suas pesquisas uma frase como essa (e outras) aparece tantas vezes nas respostas.
Mirian Goldenberg - As duas coisas: foi para reforçar a neurose feminina com os comportamentos masculinos e para mostrar que este tipo de discurso é muito frequente entre as mulheres e homens. Queria repetir mais ainda, mas achei que poderia cansar o leitor. Mas as neuroses femininas são ainda mais repetitivas.
Alê Barreto - Enxerguei no livro uma possibilidade dele dar origem a uma montagem teatral. Já lhe ocorreu fazer uma incursão no mundo das artes cênicas ou de que este livro pode lhe proporcionar de alguma forma isso?
Mirian Goldenberg - Também acho que o livro é um monólogo teatral. Tive alguns convites para transformar meus livros em peças, mas, até hoje, nada se concretizou. Eu gostaria muito!
Alê Barreto - Está havendo uma maior abertura da TV para se falar sobre sexo. Na sua opinião, como anda a qualidade dos conteúdos oferecidos na TV aberta e na TV a cabo que incluem o sexo? Está surgindo mais espaço para se falar do sexo casual na vida das mulheres mais maduras?
Alê Barreto - Está havendo uma maior abertura da TV para se falar sobre sexo. Na sua opinião, como anda a qualidade dos conteúdos oferecidos na TV aberta e na TV a cabo que incluem o sexo? Está surgindo mais espaço para se falar do sexo casual na vida das mulheres mais maduras?
Mirian Goldenberg - Sim e não. Fala-se muito, mas sempre com muitos clichês. Não gosto da ideia de que o sexo é a coisa mais importante na vida das pessoas, que todos devem falar (e fazer) muito sobre sexo, acho uma nova prisão esta supervalorização da sexualidade, como se fosse a coisa mais moderna do mundo.
Alê Barreto - Há alguma questão específica no livro “Sexo” que você como autora sugere que o leitor possa colocar uma maior atenção?
Mirian Goldenberg - Gostaria que o leitor risse muito e, ao mesmo tempo, percebesse os próprios tabus e preconceitos. E conseguisse ser um pouco mais livre e feliz, ou mais “meio Leila Diniz”. Será que consegui?
[fim da entrevista]
Conheça o site de Mirian Goldenberg
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* Alexandre Barreto é administrador pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EAD/UFRGS) e MBA em Gestão Cultural pela Universidade Cândido Mendes (RJ) . Empreendedor que dissemina conhecimentos e atua em redes para promover mudanças. Escreveu os livros Aprenda a Organizar um Show e Carreira Artística e Criativa. Saiba mais
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