sábado, setembro 24, 2011

Cafezinho Independente: conheça as ideias criativas da artista Liana Keller


Foto: Neidila


Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com



Na primeira turma do curso "Aprenda a Produzir um Artista", realizada dia 17 de setembro, aqui no Rio de Janeiro, atividade de capacitação que faz parte do Programa Produtor Cultural Independente, conversei com as alunas sobre a importância de criarmos espaços para um bom bate-papo.

Um bate-papo é uma coisa simples. É preciso só separar uns minutinhos para estar junto com as pessoas disponível para ouvir e para participar da conversa.

Um bate-papo traz mais qualidade de vida e é uma forma muito agradável de darmos vazão a nossa vontade de estar mais perto da cultura, da arte, de exercer nossa criatividade. Muitos profissionais de marketing, comunicação e entretenimento estão começando a se dar conta que bem estar aproxima as pessoas.

Decidi a partir de outubro convidar pessoas aqui no Rio de Janeiro para um bate-papo. Para aquecer nasce hoje a seção "Café Independente" no blog. A ideia segue a simplicidade do bate-papo. Irei publicar diálogos com pessoas criativas.

Vamos conhecer a criativa Liana Keller.


[início da entrevista]





Alê Barreto: Liana, gostaria que você se apresentasse, da maneira que você preferir e com as palavras que você se sentir mais à vontade. Fale o nome que você gosta de ser chamada, sua idade e como começou a perceber que o seu caminho era um trabalho criativo.

Liana: Assino "Lía" em meus trabalhos, mas curto mesmo ser chamada de Liana, na real. Tenho 33 anos e alguns meses.

Trabalho com a "Trapo", minha marca de roupas e quadros pintados e customizados. Em 2002 uma pessoa me pediu que fizesse uma camiseta igual a que eu estava vestindo. Era uma regata pintada sem pretensão... Isso foi no Ossip, um bar onde eu trabalhava em Porto Alegre, na época. A partir dessa encomenda, o fazer criativo entrou em minha vida com tudo. Não saiu mais. Nem sairá.


camisetas*vestidos*bermudas*saias*camisa s*gravatas*bolsas*...à venda em várias lojitas em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre...:)
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Alê Barreto: lembro que nos conhecemos lá em Porto Alegre no Ossip, na Cidade Baixa. O que lhe levou a começar a ocupar mais tempo da sua vida com o trabalho criativo?

Liana: Na verdade sempre tive trabalhos paralelos à Trapo. Em geral em bares, como o Ossip, e em danceterias.

Confesso que somente agora, em 2011, estou conseguindo "de fato" pagar minhas contas e viver bem só trabalhando com "arteirices", como forma de obter renda. E estou gostando muito disso.



Detalhes do terninho/foto: CarolEssan
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Alê Barreto: trabalhar com a criatividade traz vários aprendizados. No que você considera que o trabalho criativo ampliou a sua qualidade de vida, o seu desenvolvimento humano?

Liana: Bem... através desses trabalhos, nesses anos todos, conheci e fiz muitas parcerias com pessoas maravilhosas e interessantes. Conheci cidades muito especiais. Vi e vivi momentos lindos e intensos. Portanto, me sinto hoje uma pessoa mais atenta e sensível ao meio onde estou inserida e tento reverter todas essas experiências em trabalhos que passem força, consciência e boas vibrações aos que olharem, tocarem ou adquirirem meus rebentos.



trapo por Carol Essan
Liana Keller,André Lacerda e Morgana Mazzon modelando
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Alê Barreto: Sei que você é uma artista organizada. Pelo menos é a imagem que eu tenho. Muitas pessoas acham que o artista deve só fazer arte e deixar que outra pessoa faça sua produção. Você se incomoda de produzir o seu trabalho? Você acha que só o artista sabe produzir bem o próprio trabalho? É possível artistas, artistas produtores e produtores conviverem sem estas brigas por reserva de mercado?

Liana: Olha, eu tento me organizar [risos]. Muito, te digo, por necessidade mesmo.

Na verdade,adoraria que alguém bacana me produzisse. Porém essa parceria ainda não aconteceu.

Acho complicadas, de forma geral,as associações. Sendo assim, sempre procuro me aprimorar e me emancipar. Faço sozinha todas as etapas de meus trabalhos: captar recursos e materiais, criar, agir, divulgar, comercializar, comunicar, carregar, cuidar das finanças. Claro que sempre com ajudas ocasionais de amigos queridos e que sempre são providenciais.

Às vezes penso que perco muito boas oportunidades por não me dedicar totalmente ao fazer artístico.Mas no momento, minha realidade é essa.

Creio que é possível haver harmonia e colaboração entre artistas e produtores, sim! Boas parcerias de trabalho nesse sentido, por que não?



tu é descartável ou reciclável?
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Alê Barreto: muitas vezes as pessoas criticam um trabalho artístico, um trabalho criativo, pelo fato dele estar sendo veiculado através de grandes redes de comunicação ou estar sendo distribuído e comercializado em grande escala. Você se preocupa com isso ou vai dando andamento a sua carreira sem esta preocupação? Como é para você definir preços e comercializar o seu trabalho?

Liana: Não sou do tipo de pessoas que faz esse tipo de crítica.

Como me coloco sempre contra estagnações, creio que, se o caminho da evolução e crescimento do trabalho de algum artista vai por esses meios, então que assim seja. Por vezes, mudanças e adaptações são necessárias para um real aprimoramento e para uma visão multifocal de trabalhos artísticos.

Mas claro que tudo depende da disposição de cada um, no que concerne aos rumos que deseja dar aos seus fazeres.

E, de forma geral, ainda sinto certa dificuldade em "valorar" meus trabalhos. Sigo no aprendizado de fazer tal coisa. E comercializo sem problemas. Procuro executar esse "comércio" como algo bem natural, como alguém que criou e fez com amor o que está vendendo, o que está apresentando.


Gabi veste trapo coracional
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Alê Barreto: quem trabalha em atividades mais rotineiras, utiliza o seu tempo livre para ler, pintar, escrever, dançar, ver um filme... Todas estas atividades, a pesquisa delas, a experimentação, fazem parte do seu trabalho. O que você faz no seu tempo livre?

Liana: Em meu tempo livre? [risos] Caminho,pratico yoga, assisto filmes, leio, pinto, costuro, namoro, saio com os amigos e amigas. Meu trabalho com pesquisa de campo é incansável. Não pára.


Alê Barreto: inspirado no programa Provocações, do Antônio Abujamra, quero estimular você a dizer algo que gostaria de falar e geralmente não encontra oportunidade. Quer encontrar parceiros de trabalho? Quer fazer uma viagem? Que emoção, pensamento ou ação você quer neste momento comunicar para as pessoas que estão conhecendo você neste blog?

Liana: Sem dúvidas, quero muito encontrar boas parcerias, firmes e duradouras nesse meu caminho "trabalhístico artístico". E circular muito por esse nosso planeta também.

Porém o que tenho vontade de dizer agora é que algumas coisas me trazem certa tormenta no "mundo das artes". Um excesso de burocracia e pose e um recesso de vísceras e sentimentos.

Me traria muita satisfação ver um equilíbrio nesses fatores, valores tão paradoxais que necessitam conviver. Em nosso atual contexto social, o objetivo e o subjetivo tem de se entrosar no mundo das artes.

E ainda quero mais é ver todo o nosso lixo social tranformar-se em flores. Isso é possível ser feito. A arte em muito ajuda, quando feita com o coração. Acredito nisso. E quero contribuir com essa feitura toda!


Estampa
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[fim da entrevista]


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* Alê Barreto é um administrador e produtor cultural independente. Trabalha com foco na organização e qualificação dos profissionais de arte, comunicação, cultura e entretenimento. É autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação livre na internet em língua portuguesa sobre produção de shows, escreve para o site Overmundo e para a revista Fazer e Vender Cultura.



Está fazendo a pós-graduação MBA em Gestão Cultural no Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Cândido Mendes.



Serviços para contratação: assessoria para elaboração de projetos (planejamento e revisão), gestão de projetos, acompanhamento de carreira artística (coaching), consultoria e assessoria (para artistas, produtores, empresas e projetos), atividades de formação (cursos, oficinas, workshops e palestras) e produção executiva de eventos.



É gaúcho. Gosta de todos os estados brasileiros. Mora no Rio de Janeiro. Brasil.

Contato: + 55 21 7627-0690 (Claro)


* O blog Produtor Cultural Independente está em atividade desde 2006. Possui mais 800 posts e links de seus conteúdos são enviados para 5.040 pessoas através de redes sociais. Faz parte da Rede Produtor Cultural Independente, uma rede de conteúdos acompanhada por 766 pessoas nos blogs Produtor Independente (633 seguidores), Blog do Alê Barreto (61 seguidores), Aprenda a Organizar um Show (35 seguidores) Aprenda a Produzir um Artista (18 seguidores), Encantadoras Mulheres (14 seguidores) e Aprenda a divulgar seu evento (5 seguidores).



Alê Barreto é cliente do Itaú.

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