segunda-feira, agosto 30, 2010

Oi Futuro: acesso e qualidade para o público e estímulo para as cadeias produtivas da cultura




Imagem produzida a partir de adaptação da imagem da capa do livro "Cultura Livre" de Laurence Lessig


Por Alê Barreto*

Vamos começar esta semana com algumas reflexões que fiz após visitar os espaços culturais Oi Futuro Flamengo e Oi Futuro Ipanema aqui no Rio de Janeiro. Ambos espaços possuem uma excelente localização. Os dois são próximos do metrô, o que facilita muito a ida e a volta, tanto para quem não tem carro quanto para quem tem carro mas prefere ir à pé.

No Oi Futuro Flamengo, conheci a exposição "Carta da Jamaica", composta por 14 vídeos, seis fotografias e duas fotoprojeções de 19 artistas de 12 países) e fui a um colóquio sobre cultura organizado pela Revista Fazer e Vender Cultura. Preciso retornar lá para assistir as outras programações e continuar a escutar Cds. Há uma espécie de "Cdteca" na entrada, com cd players e fones de ouvido, com música selecionada. Escutei um cd Capoeira Angola e conheci dois novos álbums: Pequeno Cidadão (projeto do Arnaldo Antunes com o Edgar Scandurra) e o Sobrado 112.



Fachada do espaço cultural Oi Futuro Ipanema (RJ)/Divulgação


No Oi Futuro Ipanema, retornei pela segunda vez. A primeira vez assisti o show do Gerson King Combo. Na sexta passada, assisti o show do Coletivo Instituto, grupo de SP, formado por músicos e produtores. Fiquei impressionado com a qualidade da música e dou os parabéns para quem selecionou estes artistas para a programação. Quem não conhece o trabalho deles, escute no www.myspace.com/instituto .

Após o show, fiquei pensando sobre a minha satisfação de ter ido a estes dois espaços culturais. A minha satisfação não foi apenas com os conteúdos culturais (a exposição, colóquio, CDs, show musical). A minha satisfação foi plena em função da combinação de fatores que facilitaram o meu encontro com estas ações culturais.

Quando você deseja ir num show pago, você pensa sempre na relação custo/benefício. Desembolsar R$ 30,00, R$ 60,00 ou mais para se "arriscar" a ver se um show que você não conhece não é um hábito cultural de consumo que faça parte do comportamento da maior parte das pessoas. Quem tem dinheiro para pagar ingressos caros, não está afim de utilizar este recurso para uma atividade de entretenimento que não atenda suas necessidades. Quem junta aos trancos e barrancos dinheiro para ir a um show, nem pode se permitir este luxo.

O show do Coletivo Instituto que assisti custou R$ 15,00. Quem fosse estudante, pagava metade. Tenho certeza que este preço mais acessível facilitou que eu e muitas outras pessoas se "arriscassem" a usar nosso tempo, energia e dinheiro para conhecer o grupo ou vê-lo ao vivo.

Mas o acesso não é apenas do ponto de vista financeiro. Acredito que o Oi Futuro atende outras recomendações que vem sendo debatidas pelo Ministério da Cultura e pela sociedade brasileira. Até onde pude perceber, os dois espaços possuem adaptações em sua arquitetura de maneira a facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida ou necessidades especiais. E a variedade da programação permite também que diferentes camadas da população usufruam os seus direitos culturais. Eu assisti um show de hip hop, um gênero de música que atrai pessoas das mais diversas condições sociais, etnia e faixa etária.

João Marcello Bôscoli, fundador e presidente da Trama Music Group, trabalha o seguinte conceito para distribuição da música: "de graça para o público e remunerado para o artista, patrocinado por uma marca". Parafraseando ele, acredito que o Oi Futuro pratica um modelo parecido, mas que vai além da música: acessível para a maior parte do público, com qualidade e que remunera as cadeias produtivas da cultura.


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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.

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alebarreto@produtorindependente.com

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