sábado, setembro 29, 2012

Os desafios da produção cultural fora das grandes capitais




Por Alê Barreto

alebarreto@gmail.com



Este texto que segue abaixo não é meu. Foi escrito pela Amanda Hadama, participante do Programa Escritório Coletivo Independente. Amanda é formada em Letras pela USP e atualmente é aluna de pós-graduação em Produção Cultural da Universidade Cândido Mendes no Rio de Janeiro e do Curso de Economia Criativa e Cidades Criativas da Fundação Getúlio Vargas.

Atua na área cultural desde 2008 na cidade de Angra dos Reis, RJ. Foi coordenadora das quatro edições do Festival de Cultura Japonesa na Ilha Grande e colabora no jornal local “O Eco”. 

Em 2012, fundou a Celestial, produtora que tem como objetivo propor ações culturais em regiões pouco contempladas com atividades do gênero, sobretudo na Baia da Ilha Grande e arredores.


Os desafios da produção cultural fora das grandes capitais
Amanda Hadam


Perceber a atividade que exercemos de forma mais ampla é exercício fundamental para darmos um passo a frente.

Esse ano, os produtores culturais de Angra dos Reis, cidade do litoral do Rio de Janeiro, vem enfrentando grandes dificuldades. É tempo de eleições municipais. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que o governo entregue as contas em dia a futura gestão. Vários cortes foram efetuados, entre eles, o apoio a todos os eventos da cidade. Lembro que o turismo é uma das atividades mais importantes do município. O resultado para pousadas e produtores culturais não poderia ser mais catastrófico – eventos suspensos, reservas de hotéis estornadas, compromissos com grupos e artistas desfeitos na última hora.

Esse episódio só deixou mais óbvia a fragilidade das atividades culturais no que se refere ao seu aspecto financeiro e econômico.

Somos dependentes em excesso do poder municipal. Conseguimos aprovar os projetos nas leis de incentivo, mas esbarramos na captação de recurso. Outras formas de capitalização ainda são possibilidades abstratas. É um ciclo infindável de viabilização de projetos a duras penas, dificuldades financeiras, readequações orçamentárias etc.

Como abandonar esse ciclo? Estamos sempre tão absorvidos nos obstáculos, que esquecemos de olhar o horizonte, ou mesmo para o lado.

Segundo dados da Secretaria de Cultura do Estado do RJ, dos 221 projetos executados em 2011 utilizando a Lei de Incentivo Estadual como forma de financiamento, 181 deles aconteceram na região metropolitana do Rio, 20 no Médio Paraíba, 6 na Região Centro Sul, 5 na Região Serrana, 2 na Costa Verde, 2 na Baixada Litorânea, 1 na Região Norte e 4 abrangendo mais que uma região. De todos esses, um contemplava a região de Angra dos Reis. Evidente que há outras formas de financiamento, mas esses dados refletem a realidade no que se refere a produção e distribuição de bens culturais no Rio de Janeiro e no Brasil.

A produção cultural em cidades do interior é um campo a desbravar. E como qualquer novo empreendimento, ele requer novos métodos e estratégias de trabalho. Os modelos das capitais não são suficientes para solucionar nossas deficiências e dificuldades.

Um exemplo animador e muito próximo é Paraty, uma das cidades mais criativas do país. O turismo e a cultura norteiam a economia do município, e um dos motores propulsores desse fato é, sem dúvida, a FLIP. A FLIP foi concebida não como um evento pontual, mas como uma ação de um projeto maior de revitalização urbana de espaços públicos. Segundo informações do site do evento, “a realização da Flip foi decisiva para o Ministério do Turismo escolher Paraty como destino referência para o turismo cultural no país. A partir daí, a comunidade local escolheu a Casa Azul (instituição promotora do evento) para exercer a secretaria executiva do Plano de Desenvolvimento do Turismo Cultural de Paraty, com o objetivo de orientar as lideranças locais de acordo com ações necessárias ao fomento do turismo cultural sustentável na cidade.”

É por isso, que os produtores fora das grandes capitais, mais do que todos, precisam conceber projetos intimamente relacionados não apenas com a história ou a realidade presente de suas cidades, mas que vislumbrem uma intervenção futura. Iniciativas pontuais e isoladas estão fadadas aquele ciclo infindável de inviabilidade econômica. Não podemos esperar sustentabilidade trabalhando sozinhos. Somente quando aprendermos a unir nossos esforços e ideias em torno de uma ação única, porém múltipla e abrangente, teremos força para colocar as atividades culturais como protagonista em nossos municípios. Atrás dos resultados, chegam os apoiadores.



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Alexandre Barreto é um profissional multicarreira. É administrador com ênfase em marketing e produtor, graduado pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhou em grandes empresas, de diferentes segmentos e anos depois começou sua carreira em produção cultural em 2003. No Rio Grande do Sul, trabalhou com artistas independentes, shows nacionais, festivais internacionais e como prestador de serviços da Opus Promoções. Criou em 2006 o blog "Produtor Cultural Independente". Em 2007 foi empresário da banda Pata de Elefante e lançou o livro "Aprenda a Organizar um Show" no portal colaborativo Overmundo, já baixado por mais de 20.000 pessoas.

Gaúcho de Cachoeira do Sul, morou também em Santa Maria, Erechim, Alegrete e Porto Alegre. Mora no Rio de Janeiro desde 2008. Trabalhou como gestor e produtor cultural do Grupo Nós do Morroconsultor do SEBRAE e da Rede Acreana de Cultura, produtor executivo do espetáculo "Missados Quilombos" (Cia Ensaio Aberto) e iniciou um amplo trabalho independente de formação através de cursos e palestras em várias cidades do Brasil. 


Desde janeiro de 2012 é trabalha no Observatório de Favelas como articulador do projeto "Solos Culturais", na favela da Rocinha, uma iniciativa que está formando 100 jovens, com idades entre 15 a 29 anos, de cinco diferentes territórios – Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Manguinhos e Rocinha – em produção cultural e pesquisa.


É aluno do Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Cândido Mendes (RJ), onde cursa a pós-graduação MBA em Gestão CulturalMinistra aulas sobre produção e gestão cultural em projetos do Itaú Cultural.

Presta serviços também como consultor e prestador de serviços independente.

Entre em contato (21) 7627-0690 alebarreto@gmail.com

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