terça-feira, janeiro 27, 2009

Aprenda com o Ministério da Cultura

Por Alê Barreto


Há muitas formas de um produtor cultural independente ampliar o seu conhecimento sobre o setor cultural brasileiro. Uma delas é site do Ministério da Cultura. Lá você irá encontrar um panorama geral do que o atual governo federal está fazendo pelo setor cultural. Eu considero isso uma grande oportunidade de aprendizado.

No momento atual, é importante acompanhar:




Plano Nacional de Cultura: é um plano de estratégias e diretrizes para a execução de políticas públicas dedicadas à cultura. Toma como ponto de partida um abrangente diagnóstico sobre as condições em que ocorrem as manifestações e experiências culturais e propõe orientações para a atuação do Estado na próxima década. Sua elaboração está impregnada de responsabilidade cívica e participação social e é consagrada ao bem-estar e desenvolvimento comunitário.

Em 2008, a construção do Plano Nacional de Cultura (PNC) entrou em sua reta final. O projeto passou por uma etapa de intensa mobilização e amplo debate público, com seminários em todos os estados e fórum virtual. Os resultados darão origem ao substitutivo do projeto de lei para votação no Congresso Nacional. O material se encontra em fase final de sistematização.

Leia o balanço da etapa de discussão pública




Plano Nacional do Livro e Leitura: é um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no país, empreendidos pelo Estado (em âmbito federal, estadual e municipal) e pela sociedade. A prioridade do PNLL é transformar a qualidade da capacidade leitora do Brasil e trazer a leitura para o dia-a-dia do brasileiro.

Saiba mais




Reforma da Lei Rouanet: veja a apresentação feita pelo ministro Juca Ferreira durante o Diálogo Cultural, em São Paulo, no dia 12 de novembro. O texto faz um balanço das ações do Ministério da Cultura, apresenta as distorções provocadas pelo atual modelo determinado pela Lei Rouanet e as linhas gerais da proposta para dinamizar e democratizar o acesso ao financiamento da cultura no país.

Acompanhe a discussão pública no blog




Programa Mais Cultura: como parte da Agenda Social, o Governo Federal lançou o Programa Mais Cultura, que tem uma previsão de investimentos de R$ 4,7 bilhões até 2010.

Conheça o programa




Fórum Nacional de Direito Autoral: é um espaço para se discutir as questões mais prementes da sociedade no que se refere à situação atual do direito autoral em nosso país. Tem como objetivos subsidiar a formulação da política autoral do Ministério da Cultura (MinC), bem como definir a necessidade ou não da revisão da legislação existente sobre a matéria e a redefinição do papel do Estado nessa área.

O Fórum, iniciado em 2007, se estenderá pelos anos de 2008 e 2009, contando com a participação dos vários setores da área autoral como associações de gestão coletiva, acadêmicos e autoralistas, artistas, autores e demais titulares e usuários e consumidores de obras protegidas. Além do seminário de lançamento e de outros eventos apoiados pelo Ministério da Cultura, estão previstos seis seminários, sendo cinco nacionais e um internacional e diversas oficinas, em todas as regiões do país.

Conheça as discussões dos seminários já realizados




Cultura Previdenciária: Campanha de utilidade pública para os trabalhadores da área cultural que vem sendo veiculada na televisão, uma iniciativa do Governo Federal, por meio dos Ministérios da Cultura (MinC) e da Previdência Social (MPS). Voltada aos profissionais da área cultural, a propaganda ressalta a importância da valorização de todas as atividades realizadas nos diversos segmentos da cultura brasileira. A campanha de utilidade pública objetiva alertar sobre a necessidade desses trabalhadores garantirem tranqüilidade e segurança com a complementação de sua renda na fase de aposentadoria, ou em outras circunstâncias. Dentre as alternativas, encontra-se o regime de previdência complementar fechada e a adesão a planos associativos como, por exemplo, o já existente CulturaPREV.


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domingo, janeiro 25, 2009

Eletrocooperativa: ação cultural e sustentabilidade


Vídeo sobre a trajetória da Eletrocooperativa


Por Alê Barreto


Acompanho o trabalho da Eletrocooperativa desde agosto de 2006. É uma ONG que possui práticas muito interessantes para sustentabilidade de suas ações culturais.

Destaco aqui a máquina de vender CDs.

Segue abaixo a transcrição na íntegra da matéria publicada no site da instituição.


Eletrocooperativa lança Máquina de vender cds





A causa “Música Livre e Comércio Justo”, iniciativa inovadora da ONG Eletrocooperativa para promover a música brasileira, a cidadania e oportunidade de trabalho alcança uma de suas metas com a criação de uma máquina de vender CDs (semelhantes as que se vê ofertando livros e refrigerantes). A primeira, instalada no Metrô Consolação, faz parte de um programa de negócio inclusivo, desenvolvido para os jovens atendidos pela instituição.

A máquina como fonte de renda

A máquina de CDs surgiu como parte de uma estratégia da Eletrocooperativa para distribuir música sob uma nova perspectiva. Pelo consumo consciente, pela liberdade artística, pela geração de renda, pela oportunidade social e contra a pirataria, a causa “Música Livre e Comércio Justo” propõe a venda de CDs por R$ 5,00. Para que haja transparência, a máquina informa ao consumidor todos os custos que levaram a produção dos CDs: R$1,50 pertence ao artista, R$1,50 são referentes a custos de fabricação, R$0,50 centavos pagam os impostos, R$1,00 são do vendedor e R$0,50 cobrem custos da instituição.

Na máquina estão os CDs dos artistas formados pela Eletrocooperativa como Eletro Erê (cantigas infantis), Eletropercussiva, Império Negro, Preto Sábio 05, Fefê Gurman, e também dos cantores Arnaldo Antunes e Lucas Santtana, totalizando nove títulos. Desenvolvidos com tecnologia SMD (Semi Metalic Disc), têm minutagem um pouco menor que a dos CDs comuns, qualidade igual e um custo de fabricação muito menor.

A principal função da máquina é ser uma unidade de negócio com o objetivo de gerar renda para jovens selecionados pelo Instituto Eletrocooperativa. Eles serão responsáveis pela administração da máquina (quatro jovens trabalhando por máquina), aprendendo a lidar com questões referentes ao dia-dia de um pequeno negócio, como se fosse uma loja. Esse grupo de jovens receberá todo o processo de formação para adquirir conhecimentos de gestão e aplicar no mesmo momento. É a nossa metodologia do “aprender fazendo”, revela Reinaldo Pamponet, fundador da Eletrocooperativa.

A proposta de difusão e principalmente de geração de renda visa formar 32 agentes econômicos que serão os responsáveis pela administração das máquinas de vender CDs localizadas em lugares públicos das cidades de São Paulo e Salvador. Segundo Reinaldo, o objetivo é ter oito máquinas nos próximos dois anos em lugares públicos.

sábado, janeiro 24, 2009

Roteiro inicial de captação de recursos para projetos culturais

Imagem do site do Banco Central



Por Alê Barreto *
alebarreto@gmail.com


Até hoje ouço pessoas falarem o seguinte: "eu não quero vender o meu projeto, vou deixar que um captador de recursos faça isso; prefiro manter o foco naquilo que faço melhor". Um bom raciocínio. Na prática, você conhece algum captador de recursos? Você sabe como atua um captador de recursos?

Enquanto você pensa sobre estas questões, vou descrever um roteiro inicial, bem básico, de fontes de captação de recursos para projetos culturais.

Em primeiro lugar, você precisa saber quanto irá precisar. Parece óbvio, mas não é. Muitos profissionais saem tentando captar recursos sem ao menos saberem com precisão o valor que necessitam para financiar suas atividades.

Não estranhe. Quando assunto é dinheiro, não há espaço para divagações. Para você captar qualquer quantia de dinheiro, o primeiro passo é saber quanto realmente irá precisar.

O segundo passo é compreender que quanto mais alta a quantia a ser captada, mais complexa será a ação de captação de recursos. Logo, se o valor for muito alto, você pode fracioná-lo em cotas. É mais fácil você conseguir quatro patrocínios de R$ 2.500,00 do que um de R$10.000,00.

O próximo passo é pensar em qual será o tipo de financiamento: privado ou público.

Se você optar pelo financiamento público, você pode começar entrando na seção dos editais do site do Ministério da Cultura. Depois, você pode pesquisar editais nos sites das prefeituras e estados. Porto Alegre, por exemplo, possui o FUMPROARTE, que é um fundo municipal de financiamento de atividades artísticas.

Tratando ainda de financiamento público, é interessante você conhecer o seguintes sites: Funarte, AncinePrograma Petrobrás Cultural, as ações de fomento da cultura do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, Eletrobrás, Furnas Centrais Elétricas, Correios, o Bando do Nordeste e o Sebrae.

Se você achar que o seu projeto possui mais afinidade com o patrocínio privado, é interessante conhecer os programas do Itaú Cultural, Natura, Votorantim e Oi Futuro.

Você pode também procurar mais informações sobre empresas privadas que investem em cultura acessando a pesquisa Perfil dos Investidores. Ela está disponível para assinantes da revista Marketing Cultural.

Para saber mais sobre captação de recursos, pesquise também na página da RITS - Rede de Informações para o Terceiro Setor.



Ficou interessado?

Envie e-mail para alebarreto@gmail.com e receba mais informações.




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Alê Barreto (ou Alexandre Barreto) é administrador de empresas, gestor cultural, gestor de pessoas, gerente de projetos, empresário artístico, produtor executivo, consultor, criador de conteúdo, blogueiro, professor e palestrante. Concluiu sua formação em gestão pública em cultura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o MBA em Gestão Cultural na Universidade Cândido Mendes (RJ). Gosta de desafios. Isso faz com que esteja aberto a convites, à novas oportunidades e a trabalhar em diferentes lugares. 
Saiba mais

Atualmente reside no Rio de Janeiro, é um dos gestores do Grupo Nós do Morro na comunidade do Vidigal e responsável pela implantação da área de Produção Cultural na Escola de Música da Rocinha.

+55 21 97627 0690 alebarreto@gmail.com

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Saber interpretar informações econômicas fortalece a estratégia de um produtor cultural independente



Por Alê Barreto


Se você não estudou economia e estava "boiando" sobre o que era a tal da "crise", com certeza o vídeo inteligente e criativo do jornalista Marcelo Tas (a Crise no Taxi) contribuiu para que você comece a aprender a interpretar informações econômicas.

Mas afinal, você pode estar se perguntando: porque é importante saber isso? O meu projeto cultural nada tem haver com isso. Tem sim. Muito mais do que você imagina. A questão é que em geral não estamos acostumados a "conectar" economia com cultura.

Nos últimos dias, revendo meu próprio planejamento, percebi que posso contribuir muito com as pessoas que também estão fazendo seus projetos culturais independentes, que estão "desenhando a estratégia" das suas próximas ações, se falar um pouco sobre a importância de aprender a interpretar informações econômicas.

Um produtor cultural independente deve ter noções mínimas de economia, para que não fique à mercê dos ventos soprados pelos meios de comunicação.

Um bom exemplo do que estou falando são as atuais notícias sobre a crise financeira internacional. Ou crise mundial. Ou crise internacional. Ou tantos outros nomes que estão dando para o mesmo assunto.

Até assistirmos ao vídeo, talvez soubéssemos muito pouco sobre o assunto. Mas já podemos afirmar que sabemos o que é esta crise? Temos noção do impacto dela na economia do Brasil? Na economia do nosso estado? Na economia de nossa cidade? Na economia da cultura do local onde vivemos?


Vídeo "A Crise dentro do Mercado" (Marcelo Tas)

Acho importante que a gente se faça estas perguntas e procure respostas. Primeiro, porque é um fenômeno que causa impacto na economia de muitos países, inclusive o nosso. Segundo, porque uma vez superada esta crise, virão outras crises. E mesmo em meio a sucessão destas crises, a nossa vida não para, os nossos sonhos não param e esta vida (mesmo que tenhamos outras)um dia irá terminar.

Estou provocando você com este assunto para que você entenda que de alguma forma as nossas idéias ou os nossos projetos necessitam de recursos financeiros. E a maior ou menor disponibilidade de recursos financeiros está relacionada com um contexto econômico mundial, que interfere na atividade econômica do nosso país, do nosso estado e da nossa cidade. E os impactos desta maior ou menor disponibilidade de recursos financeiros não serão os mesmos para todo mundo. Logo, não há respostas ou fórmulas prontas, do tipo "faça isso". Não adianta ficarmos amedrontados com as notícias e abandonarmos as nossas idéias. E também não dá para simplesmente acharmos que somente oração, nossa intuição ou nosso pensamento positivo irão garantir que os nossos projetos aconteçam.


Vídeo: A crise dentro da cabeça (Marcelo Tas)

Por fim, eu proponho que a gente supere a dificuldade de lidar com o assunto "dinheiro" e aprenda noções de economia. Um bom começo é o livro "Aprender Economia", do professor Paul Singer. Trata a economia numa linguagem acessível e, didaticamente, consegue transmitir conhecimentos indispensáveis ao exercício da cidadania.

sábado, janeiro 17, 2009

Como educar pessoas para Produção Cultural?




Por Alê Barreto

Em 2007, publiquei no Overmundo o texto "Vamos educar pessoas para Produção Cultural", que foi novamente publicado neste blog e no Guia do Mercado Brasileiro da Música 2008/2009. Neste texto, provoco o debate e a reflexão da necessidade de se estruturarem cursos em diferentes níveis, para que no médio e longo prazo nosso setor cultural possa dar um salto qualitativo.

Agora vou tecer algumas possibilidades de como cada cidadão pode contribuir para educar pessoas para produção cultural.

Ensino fundamental

Se você é educador de disciplinas como artes ou música, procure sistematizar e publicar suas experiências em atividades de organização de exposições, teatro ou apresentações musicais. Isso permitirá que outros professores aprendam como incluir e desenvolver o ensino de produção cultural.

Toda escola é um centro cultural em potencial.


Ensino Técnico

Há poucas escolas de ensino técnico no Brasil que trabalham com produção cultural. Mesmo assim, é importante que os educadores destas instituições também sistematizem e publiquem suas experiências. E é preciso também que gestores de escolas técnicas conheçam a experiência destas escolas.

Onde pode se estudar ou trocar experiências:

Escola de Artes Técnicas Luís Carlos Ripper - possui os cursos de Administração Teatral, Camareira (o) teatral, carpintaria teatral, contra-regra e direção de cena, eletricista cênico, lâminação, maquiagem e caracterização, produção executiva teatral, entre outros.

Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1364, Mangueira, Rio de Janeiro/RJ
Fone: (21) 3234-9010/(21) 3234-9030


Escola Adolpho Bloch(Rio de Janeiro/RJ) - possui os cursos de Técnico em Produção Cultural e Eventos e Técnico em Produção e Pesquisa Audiovisual.

Endereço: Av. Bartolomeu de Gusmão, 850, São Cristóvão
Fone: (21) 2299-4584/(21) 2299-4585/(21) 2567-7203


Graduação

O ensino de graduação em Produção Cultural é muito recente. O primeiro curso foi criado em 1995.

Onde pode se estudar ou trocar experiências:

Os três cursos mais conhecidos são: Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal da Bahia e Universidade Cândido Mendes. No Rio de Janeiro há ainda o curso superior de Tecnologia em Produção Cultural no Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis.

Recentemente foram criados três cursos novos no RS, relacionados a área de produção cultural. Em São Leopoldo, na Unisinos, é possível fazer o curso de Formação de Produtores e Músicos de Rock, voltado para o mercado da música, ou o curso de Formação de Escritores e Agentes Literários voltado para área de literatura e mercado editorial. Em Pelotas é possível estudar Tecnologia em Produção Fonográfica, também voltado para o mercado da música.


Pós-Graduação

A oferta destes cursos têm crescido. Há cursos sendo oferecidos por instituições reconhecidas pela sua qualidade de ensino. Um bom exemplo disso é o MBA em Gestão e Produção Cultural oferecido pela Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. Veja o programa.

Onde pode se estudar ou trocar experiências:
Veja os links da seção "estudar em cursos de pós-graduação", que está ao lado direito da tela.


Ensino à Distância

Essa talvez seja a alternativa mais promissora para suprir a carência de informações sobre produção cultural em nosso país.

Onde pode se estudar ou trocar experiências:

A empresa Duo Informação e Cultura, de Belo Horizonte, oferece cursos voltados para qualificação dos profissionais das áreas da cultura e responsabilidade social.


É importante começar

Como você pode ver, a área de educação para produção cultural está nascendo no Brasil. É preciso estruturar a oferta deste ensino em nosso país.

Uma boa forma de buscar contribuir com este processo é mobilizar artistas, produtores culturais independentes, associações, secretário de cultura, prefeito, deputados, intelectuais, jornalistas, reitores de universidades e outros formadores de opinião, para trabalhar em prol da criação de cursos de produção cultural em sua cidade, principalmente graduação, pós-graduação e extensão, sejam eles presenciais ou por ensino à distância.

Sua ação, além de contribuir com o desenvolvimento do setor cultural, irá contribuir com o desenvolvimento do país, uma vez que o Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário internacional, no que tange à sua diversidade cultural.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Campus Party Brasil 2009: inovação tecnológica, entretenimento e produção cultural



Por Alê Barreto

Tudo começou num Barcamp. Sabe o que é isso? Eu também não sabia o que era. Lá estava eu em Porto Alegre, no tal do Barcamp, conversando com pessoas dos Movimentos Sociais e do Software Livre, num modelo de troca de conhecimentos que surgiu nos Estados Unidos em 2005 e se propagou rapidamente pela rede como forma de articular pessoas e idéias ao redor do mundo, quando ouvi pela primeira vez o assunto "Campus Party".

No primeiro instante, "Campus Party" me soou como a dica de alguém para que eu conhecesse o evento, que falava de internet, software livre, etc.

Contudo, ano passado, quando estive no RS divulgando o meu livro "Aprenda a Organizar um Show", acabei por acidente encontrando no aeroporto o Marcelo D´Elia Branco, amigo lá de Porto Alegre, que me passou um cartão com os contatos dele. Na época ele me pediu que enviasse alguma informação sobre qual lugar no mundo o hardcore estava bombando. Acabei esquecendo de pesquisar. Quando ele me encontrar de novo, irá tirar o meu escalpo...

Bom, mencionei ele porque o encontro, além de matar a saudade, pois o Marcelo é super bacana, foi decisivo para que eu fosse em busca de informações sobre o assunto, pois ele é o diretor da Campus Party Brasil.

De acordo com o site oficial, o Campus Party é considerado o maior evento de inovação tecnológica e entretenimento eletrônico em rede do mundo. Um encontro anual realizado desde 1997 na Espanha, que reúne durante sete dias milhares de participantes com seus próprios computadores procedentes de diversos países, com a finalidade de compartilhar curiosidades, trocar experiências e realizar todo tipo de atividades relacionadas a tecnologia, a cultura digital e ao entretenimento em rede.

As oficinas, conferências, competições e atividades são dividas em 12 áreas temáticas que abrangem praticamente todos os campos da criatividade, da tecnologia e do entretenimento digital: CampusBlog, Games, Modding (arte e otimização), Robótica, Simulação, Design, Fotografia, Música, vídeo, Desenvolvimento e Software Livre.

Acho interessante que os produtores culturais independentes que puderem compareçam ao evento. Ali terão oportunidade de vivenciar uma importante experiência para sua formação, que é ver como se organiza e se implementa uma ação cultural concatenada com duas das maiores tendências da atualidade: inovação tecnológica e entretenimento. Se eu conseguir articular minha ida ao evento, sem atrapalhar os serviços que estou prestando no RJ, com certeza estarei lá.

Destaco aqui algumas informações importantes para quem pretende ir que são ao mesmo tempo um excelente modelo de como organizar e disponibilizar informações num site de um evento ou festival independente. Copie boas idéias como essas:

- informação geral sobre o evento aqui.
- escolher como participar;
- como fazer inscrições;
- onde e como chegar;
- primeiros passos;
- normas do evento;
- perguntas mais frequentes.

Ah, quase ia esquecendo: informações para imprensa e créditos para patrocinadores.

domingo, janeiro 11, 2009

Autoconhecimento e avaliação de riscos contribuem para a gestão de sua carreira artística


Foto: Bruno Torturra Nogueira


Por Alê Barreto

Depois de várias semanas com a última Trip na mão, aproveitei o domingo ensolarado do Posto 9 na Praia de Ipanema e li uma das reportagens de Bruno Torturra Nogueira que mais impacto me causou nos últimos tempos. Ela me abriu novas possibilidades.

A matéria intitulada "Rumo à Próxima Parada" foi realizada em Okalahoma city, Estados Unidos, onde Bruno capturou o momento atual do músico e compositor Rodrigo Amarante. Você deve estar pensando: "claro, o cara ganhou muita grana na época dos Los Hermanos, agora está só aproveitando". Mas ele está fazendo o que eu e muitas outras pessoas acreditam: trabalhando. A vida pode acontecer se você se implicar para que isso ocorra.

Com uma agenda de 30 shows, durante 38 dias, percorrendo 29 cidades, o músico não está lá graças há um excelente contrato, acertado previamente no Brasil por um agente artístico. Que fique aqui bem claro que não tenho absolutamente nada contra um agente artístico. Acho que este profissional é fundamental na economia da cultura, quando exerce suas atividades com ética e responsabilidade sócioambiental. Estou destacando isso porque é fácil a gente buscar na mente uma resposta fácil para tudo.

Rodrigo Amarante, sua mulher, Bink Shapiro (tecladista e cantora) e Fabrizio Moretti (baterista dos Strokes) alugaram uma van e estão fazendo shows em lugares cuja entrada é US$ 8 e a cerveja US$ 3, como diz Bruno, "(...) coisa de 40 pagantes, mais duas bandas no line-up". Eles carregam os cases e amplificadores, montam e desmontam o palco.

Tudo isso se resume a uma frase que Rodrigo compartilha conosco com muita propriedade:



Há muita coisa boa nessa entrevista, já li duas vezes e após dar uma respirada, vou ler de novo. Destaco três aspectos muito importantes:

- o músico teve coragem de sair de uma situação confortável para correr o risco de fazer o que acredita; ele parece ser uma pessoa que busca muito o autoconhecimento;

- ele tem noção da importância de ser reconhecido, mas não fica parado esperando a crise passar; pelo contrário, está nos Estados Unidos na maior crise econômica que eles já passaram desde a Grande Depressão Mundial em 1929.

Então me veio à mente as palavras do produtor Paulo André, que em 2007, lá em Porto Alegre, falou num debate que fez viagens para Europa com o Chico Science & Nação Zumbi no esquema "mochileiro".

Eu não quero aqui vender a idéia de que a solução da distribuição de shows no mundo é ser um mochileiro. Mas, se for feita uma boa avaliação de riscos, pode ser uma forma de avançar na sua carreira sem ficar somente dependendo da sua capacidade de vender um projeto para um patrocinador ou de conseguir aprová-lo em alguma lei de incentivo. Eu acredito que a atitude é o melhor marketing que alguém pode fazer.

Quem se interessar pela possibilidade de fazer shows como um "mochileiro", mas um mochileiro que costuma planejar sua caminhada, pode encontrar dicas muito legais para a logística das viagens no site O Viajante.



Bom, o principal é realmente ler a entrevista na íntegra. Boa leitura! Reflita sobre o assunto, vale a pena.

Parabéns ao Bruno Torturra e toda equipe da Trip!

sábado, janeiro 10, 2009

Estratégia é uma aliada da Produção Cultural


"Man in the Cafe", Juan Gris, 1912. Disponível em www.ibiblio.org/wm/paint/auth/gris/cafephil.jpg

Por Alê Barreto

Há poucos dias escrevi algumas idéias que julgo interessantes para alavancar as nossas realizações culturais em 2009.

Uma das idéias foi "(...) desenhe um "passo-a-passo" de como pretende alcançar seus objetivos no longo prazo. Se pretende ser um produtor cultural e viver somente disso, planeje como pode ir fazendo uma transição de sua profissão atual para a nova atividade".

Então vamos começar.

Planejamento é uma palavra que muitas vezes no meio cultural soa como um bicho de sete cabeças. Mais não é.

Partindo da definição da palavra, segundo o dicionário Michaelis, planejamento é o "(...) ato de projetar um trabalho, serviço ou mais complexo empreendimento; determinação dos objetivos ou metas de um empreendimento, como também da coordenação de meios e recursos para atingi-los; planificação de serviços".

Para mim, numa definição mais prática, o planejamento é um mapa em construção, que nos auxilia a atravessar um mar de incertezas que nos aguardam no futuro.

Podemos planejar o que quisermos. Mas temos que saber de antemão que planejamento é uma tentativa de chegar a algum lugar. Mas a tentativa somente será bem sucedida se soubermos lidar com fatores externos alheios à nossa vontade.

Na área de produção cultural, pelo fato de ainda estar iniciando a sistematização de conhecimentos nesta área no Brasil, a noção de planejamento é bastante limitada, precisa ser ampliada. Em geral os produtores culturais pensam que o planejamento serve somente para apresentar propostas para o Ministério da Cultura, para secretarias de cultura dos estados e municípios ou para tentar captar patrocínio junto aos departamentos de marketing das empresas.

Para mim, a principal contribuição que os diferentes métodos de planejamento podem oferecer para os profissionais da cultura é que possibilitam que se trabalhe com estratégia. E trabalhar com estratégia aumenta muito a probabilidade de sermos bem sucedidos.


Veja dicas do escritor Roberto Shinyashiki




Antes de planejar um evento, uma exposição de artes, uma peça de teatro, um festival, antes de sair prometendo para as pessoas que irá "fazer e acontecer", aprenda a iniciar um negócio ou repense o seu empreendimento.

Uma boa oportunidade de se aprender a planejar é entrar em contato com o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Através deste link você pode fazer cursos gratuitos, aprimorar sua formação e aumentar consideravelmente as chances de obter bons resultados em 2009.

Outros links no site do Sebrae que irão auxiliar no seu planejamento:

Cultura e Entretenimento

Panorama da Cultura no Brasil

Gestão Cultural

Produção Cultural

Empresas ligadas à cultura poderão contar com apoio financeiro
Seleção do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Sebrae e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) prevê recursos não-reembolsáveis de até R$ 4 milhões para inovação nos segmentos de música, audiovisual, manifestações populares e artes cênicas

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Promover encontros, trocas e articular redes para viabilizar sua ação cultural




Por Alê Barreto


"Muitas idéias. Sei que tenho potencial. Acredito no que eu faço. Só me falta o dinheiro..."

Nos primeiros anos em que comecei a exercer a atividade de produção cultural, várias vezes essa frase ocupava os meus pensamentos. Parecia ser uma equação sem solução. Passou 2003, passou 2004 até que no fim de 2005 fui a Salvador e participei do VI Mercado Cultural. Este foi o meu primeiro contato com o conceito de redes.

Participando das palestras e seminários, ouvi relatos de artistas e produtores que estavam viabilizando suas atividades culturais de formas alternativas, preocupados também com a sustentabilidade. Para mim, que na época morava em Porto Alegre e buscava uma resposta para a questão de aprender a gerar os recursos para minhas ações culturais, foi um ponto de mutação.

Em 2006 comecei a buscar mais informações sobre o conceito de redes. Então estabeleci contato com o Fórum de Educação da Restinga e Extremo Sul, com os Pontos de Cultura, com pessoas ligadas a Economia Solidária, Centro de Mídia Independente, Software Livre, as rádios comunitárias e movimentos sociais.

Além disso, criei com outras pessoas o Encontro TARRAFA, uma reunião com vários objetivos:

- desenvolver ações de Ensino Livre Orgânico para criação, ampliação e articulação de redes de produção cultural interdependentes;

- fomentar a cultura de colaboração entre organizações, profissionais autônomos e estudantes que produzem arte no Rio Grande do Sul;

- contribuir para o crescimento e desenvolvimento da cadeia produtiva da economia da cultura através de ações de produção econômica popular solidária, distribuição equilibrada e descentralizada, comércio justo e estímulo ao consumo ético dos produtos e serviços culturais.

A primeira lição que aprendi com estes encontros é que realmente um dos maiores desafios é conhecermos as nossas próprias complexidades, a complexidade do que pretendemos fazer e a complexidade que é trabalhar em grupos grandes com objetivos diversos. Os objetivos do encontro eram ótimos, mas como eu conseguiria articular organizações, profissionais autônomos e estudantes, que como eu buscavam uma solução para a falta de grana, se eu não estava conseguindo manter a minha sustentabilidade e esta rede que eu queria constituir na verdade era um empreendimento social, que também é algo complexo, que precisaria recursos humanos, estrutura e também recursos financeiros para acontecer?

O último episódio deste aprendizado (que ainda não está concluído), aconteceu em 2008, após chegar ao Rio de Janeiro. Recebi em mãos do Luiz Sarmento alguns DVDs com vídeos do Redes Comunitárias, um projeto do SESC que articula e gestiona encontros presenciais voltados para a prática de parcerias entre comunidades populares e voluntários, instituições privadas, públicas e do terceiro setor.



De modo simples e objetivo, cada representante se apresenta e fala o que veio procurar e o que veio oferecer. Todos têm oportunidade de falar e ouvir.
E, quando cada um sabe quem é quem, o espaço se abre para o aprofundamento de relações e formação de parcerias.



Você pode aprender mais sobre esta tecnologia social através dos vídeos e informações disponíveis. E também pode participar de um dos encontros. Veja a agenda de 2009.


O projeto tem uma semelhança interessante com o movimento "Simplicidade Voluntária", que também são encontros regulares em que pequenos grupos de pessoas trocam idéias para ajudar umas às outras a simplificar suas vidas.

Produção Cultural Independente e a nova reforma ortográfica

Por Alê Barreto


Jornal Nacional exibido no dia 30/12/2008

Uma das primeiras mudanças que ocorreram em 2009 é reforma ortográfica. Acredito que a maioria dos brasileiros, como eu, acabou recebendo a notícia através dos noticiários de televisão.

Como estou habituado com o sistema ortográfico antigo, sai vasculhando na internet alguns endereços onde fosse possível saber mais sobre o assunto.

O que tem haver um blog intitulado "Produtor Cultural Independente" com "reforma ortográfica"? Tudo. Não é possível pensar em organizar uma ação cultural sem pensar em comunicação. Logo, também não é possível pensar em comunicação sem pensar no conhecimento e na prática da escrita da língua portuguesa.

Mas alto lá! Não estou me propondo a passar um sermão sobre a importância de escrevermos o mais correto possível. Aliás, este texto está sendo escrito ainda no sistema ortográfico antigo e sujeito a alguns "escorregões".

Acho importante que a gente entenda um pouco do "conceito", ouça opiniões com visões diferentes sobre as mudanças e veja onde pode consultar mais sobre o assunto.



Dad Squarisi e Márcio Cotrim no programa "Sempre um Papo" - parte I




Dad Squarisi e Márcio Cotrim no programa "Sempre um Papo" - parte II




Programa "Entre aspas" com Mônica Waldvogel




Entrevista do Professor Moreno no programa "Sem Censura"


Por fim, para redigir seus projetos, releases e artigos culturais em 2009, você pode utilizar o Guia Prático da Nova Ortografia lançado pela Editora Melhoramentos e também instalar um corretor ortográfico adaptado à nova língua.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Está em funcionamento o Sistema de Apresentação de Propostas Culturais do Ministério da Cultura



Baseado no informe da Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura do Ministério da Cultura (informe.sefic@cultura.gov.br)


O novo procedimento de avaliação e aprovação das propostas será:

1. Proponente: Elaboração da proposta;

2. Proponente: Envio eletrônico para o MinC (no formulário localizado ao lado da consulta de projetos em www.cultura.gov.br);

3. MinC: Avaliação inicial da proposta;

4. MinC: Diligências eletrônicas, quando necessárias;

5. Proponente: Impressão da proposta;

6. Proponente: Envio da proposta impressa e assinada, junto com o termo de responsabilidade e os documentos constantes do lista em anexo;

7. MinC: Digitalização da documentação no protocolo do MinC;

8. MinC: Avaliação da documentação;

9. MinC: Solicitação de complementação de documentos, quando necessário;

10. MinC: Confirmação de recebimento definitivo da proposta;

11. MinC: Transformação da proposta em Projeto, com a atribuição do número do Pronac (EX. 090001)

12. MinC: Envio automático para os pareceristas nas vinculadas;

13. MinC: Retorno e inclusão na próxima reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC);

14. MinC: Publicação das portarias de aprovação ou comunicação de indeferimento.

[Importante!] Nas propostas que se iniciam em 2009, todas as comunicações entre o Ministério e os proponentes será eletrônica, por meio do e-mail cadastrado pelo proponente. Solicita-se, assim, que seja mantido atualizado o cadastro. O proponente tem a opção de informar mais de um email de comunicação.

[Muito Importante!]Solicita-se que o envio de propostas somente ocorra quando forem cadastradas todas as informações desejadas. Esse procedimento traz inúmeras vantagens para a tramitação da proposta, pois proporcionará maior agilidade na aprovação. Assim, mudanças serão sempre possíveis até o envio eletrônico para o Ministério. Em virtude de o novo procedimento ser automatizado, não será possível a troca de itens da proposta desde o envio ao MinC até o final da fase de aprovação. O proponente pode solicitar modificações ao término da aprovação ou poderá solicitar o cancelamento da análise da proposta em curso.

O manual de utilização está disponível.

Se achar necessária a inclusão de novo produto, item ou informação ainda não existente nas listas do sistema, favor solicitar pelo email informe.sefic@cultura.gov.br

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Muito para poucos



Reportagem de Larissa Guimarães, da Sucursal de Brasília do jornal Folha de São Paulo, publicada originalmente em 11 de dezembro de 2008 e posteriormente em 22 de dezembro de 2008 no site do Ministério da Cultura

Os recursos da Lei Rouanet, principal mecanismo para o financiamento da cultura no país, concentram-se nas mãos de poucos. Metade de todo o dinheiro que a lei torna disponível é captado por apenas 3% das empresas e entidades que apresentam projetos culturais em busca de patrocínio.

Dos 4.334 proponentes que no ano passado tentaram captar recursos pela Rouanet, 130 conseguiram R$ 483 milhões -quase 50% do total arrecadado (R$ 974 milhões).

A proponente com maior captação em 2007, com 100% de renúncia fiscal, foi a Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira, com R$ 17,38 milhões. A Dançar Marketing e Comunicações, com projetos como o Telefonica Open Jazz e o Cine na Praça, ficou em segundo lugar, com R$ 11,54 milhões. Em terceiro, a Fundação Roberto Marinho, com R$ 9,95 milhões -dos quais R$ 8,61 milhões foram para o Museu do Futebol, em São Paulo.

O Ministério da Cultura e parte do setor cultural apontam essa concentração como uma distorção. A crítica é a de que apenas projetos de grande porte e maior apelo de marketing levam vantagem. Em 2007, por exemplo, só um terço dos projetos conseguiram captar dinheiro pela Rouanet.

Pela lei, projetos ou proponentes buscam o patrocínio de empresas, que podem abater todo o recurso ou parte dele no imposto devido. O percentual de abatimento depende da natureza do projeto. No caso de música erudita, por exemplo, 100% do valor patrocinado é deduzido. Para música popular, 30% é abatido em imposto, e a empresa desembolsa 70%.

“Hoje os índices de renúncia fiscal são pré-definidos, o que não estimula o desenvolvimento do setor cultural. Será que não há projeto na área de música popular que mereça um índice maior?”, disse o ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante debate com empresários sobre a Rouanet, na semana passada.
Para ele, o modelo de financiamento da lei faz com que haja um predomínio da renúncia fiscal. De cada R$ 10 captados pela lei, afirma, R$ 9 são de renúncia. “Parece dinheiro privado, mas não é. Criamos um vício de mecenato com dinheiro público. O índice de 100% deveria se tornar uma exceção.”


Mudanças

O governo quer levar ao Congresso, em fevereiro, um projeto de lei para alterar regras da Rouanet, com novos critérios para a renúncia. A idéia, diz o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Roberto Nascimento, é estabelecer pontuações e pesos diferentes. “A pontuação envolveria, por exemplo, a venda ou não de ingressos no local de realização”, afirma.

Outro ponto a ser alterado é o funcionamento do Fundo Nacional da Cultura (FNC), criado para captar e destinar recursos a projetos culturais. A proposta do ministério é criar fundos setoriais dentro do FNC, que movimenta cerca de R$ 180 milhões ao ano, para melhorar a distribuição do dinheiro e facilitar o planejamento.


Concentração

Representantes do setor cultural apontam a necessidade de mudar a lei do mecenato. O superintendente de atividades culturais do Itaú Cultural, Eduardo Sarón, diz que a lei é concentradora. Ele defende a manutenção do índice de 100% de renúncia fiscal para museus e aquisição de acervo, mas avalia que “para projetos grandes, consagrados, poderia haver contrapartida maior da iniciativa privada.” O Itaú Cultural foi o proponente com maior contrapartida no ano passado.

Representante da maior incentivadora da Lei Rouanet no país, a gerente de patrocínios da Petrobras, Eliane Costa, também vê necessidade de mudanças. “A Rouanet foi uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento cultural do país, mas pode ser aperfeiçoada.”

Voz dissonante, o diretor-executivo do MAM-SP, Bertrando Molinari, diz que a criticada concentração por Estados espelha os PIBs regionais. “A “concentração” pode estar distorcida: uma empresa com sede no Sudeste, por exemplo, pode disseminar suas atividades culturais nacionalmente.”

Ele lembra que a Rouanet foi criada (em 1991) num ambiente de instabilidade econômica. “Mesmo assim, a lei passou bem por esses anos, assim como pelos últimos anos de estabilidade. Às vésperas da crise, talvez merecesse mais uma oportunidade de ser testada.”


Outro Lado

Há exagero e “componente ideológico” nas críticas do Ministério da Cultura sobre a concentração de recursos pela Lei Rouanet. A afirmação é de Cláudio Vasconcelos, gerente jurídico da Fundação Roberto Marinho, proponente que teve a terceira maior captação de recursos pela lei em 2007, com 100% de renúncia fiscal.

“A Lei Rouanet fez do Brasil uma potência cultural nos últimos 17 anos. Embora não seja perfeita, é um instrumento importantíssimo”, afirmou. Nos últimos anos, a fundação organizou dois dos museus mais visitados no país: o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol, ambos em São Paulo. “São espaços públicos, com dinheiro público, com acesso público e permanente e sem fins lucrativos. Eles não existiriam sem patrocínio”, afirma.

Vasconcelos diz que todos os projetos da fundação estão ligados às redes de ensino público. “Os projetos de patrimônio histórico são pensados para serem integrados aos currículos escolares. É difícil apontar no país verba mais bem aplicada.”

A Folha entrou em contato com os três proponentes com maior captação de recursos pela lei em 2007, dentro do critério de 100% de renúncia. A reportagem procurou a Orquestra Sinfônica Brasileira, a primeira no ranking, desde sexta-feira. A assessoria da orquestra informou que o diretor de marketing e negócios, Ricardo Levisky, estava em viagem e era o único que poderia falar sobre captação de recursos pela lei.

A assessoria de imprensa da Dançar Marketing e Comunicações, a segunda colocada, informou que o diretor da entidade estava doente e não poderia atender a reportagem.