sexta-feira, abril 15, 2011

É fundamental um produtor cultural entender como pensa a "geração das telas"




Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com


Em 2009 escrevi que

"temos uma certa tendência, vez por outra, de pensar que nossa "experiência de vida" nos confere o poder de entender o comportamento complexo dos jovens no mundo complexo em que vivemos. E muitas vezes criamos ações, projetos e programas culturais para os jovens sem termos uma noção clara do que seja este universo.

Para mim, um produtor cultural independente deve ser curioso. Deve duvidar de "verdades sólidas".


Tratava-se de um texto convidando as pessoas a conhecerem a pesquisa 4º Dossiê Universo Jovem MTV, que fazia um "raio x" sobre as percepções que os jovens têm sobre a sustentabilidade, o futuro e o meio ambiente.

Estas percepções podem dar boas pistas sobre que experiências são significativas para os jovens de hoje.

Em 2010 a MTV realizou uma nova pesquisa, buscando desvendar quem é a "Screen Generation" (geração das telas) e como é o seu consumo de mídia e conteúdo. A análise destas informações resultou na publicação do Dossiê Universo Jovem MTV 5. O estudo faz inferências sobre um universo de 64 milhões de jovens brasileiros, de 12 a 30 anos, das classes sociais A, B e C.

Vou citar alguns trechos da pesquisa que são muito interessantes.


Dificuldade de percepção de tempo

Os jovens são imediatistas, hedonistas, sem percepção do tempo. Eles não conseguem esperar. Demorou, já era.


Valorização da portabilidade e acesso

Essa geração valoriza portabilidade e acesso. Se antes o jovem navegava na internet
grudado na cadeira e ao computador de mesa, agora ele vai estar cada vez mais conectado por diferentes gadgets e em qualquer lugar. Com todo o seu arquivo de músicas, fotos e contatos num só aparelho, os jovens poderão ter vínculos mais superficiais com países, lugares, casas, empresas, marcas e pontos de venda.


Música, movimento e telas

Estes jovens amam música e movimento e são apaixonados por telas de todos os tipos e tamanhos. É preciso estar preparado para produzir conteúdos para todas essas telas. Mesmo considerando que sempre haverá jovens apaixonados por livros, revistas e jornais impressos, esses meios serão consumidos na forma digital pela maioria deles.

Alguns conteúdos são mais transmídia do que outros, como a música, que é um conteúdo consumido em todos os meios de comunicação e gadgets possíveis.

Essa geração consome muita mídia e muitos meios de forma simultânea.


Conveniência

O jovem valoriza também a conveniência. Mesmo tendo preferência por um ou outro meio de comunicação, ele sempre vai preferir o meio que estiver mais acessível no momento; por exemplo: mesmo preferindo assistir filmes no cinema, ele vai assistir na TV, no notebook e até em uma microtela se preciso for. Independentemente da plataforma, essa geração não abre mão de qualidade de som e imagem.


Relacionamento: diálogo a partir de conteúdos relevantes

A propaganda é um conteúdo que o jovem brasileiro gosta de consumir. No entanto, hoje, além de boa propaganda, o jovem quer informação relevante e relacionamento com as marcas, lembrando que relacionamento significa diálogo, e não conversa unilateral.

Existe a oportunidade para as marcas criarem conteúdos pelos quais os jovens se apaixonem. O caminho é estudar, entender, encantar e engajar os jovens com o conteúdo. Eles adoram dividir suas descobertas.


Customização

Essa geração aprendeu que tudo pode ser customizado: roupas, tênis, ringtones, telas de computador e celular, seleção de músicas, até programação de TV e, portanto, também os planos de mídia. Mesmo sabendo que é difícil, vale lembrar que o jovem também é mídia.


Pessoas que mais influenciam o pensamento e as decisões dos jovens

Os amigos são formadores de opinião muito relevantes (se não forem os mais relevantes).


Veja mais informações no site da MTV


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* Alê Barreto é um administrador e produtor cultural independente. Trabalha com foco na organização e qualificação dos profissionais de arte, comunicação, cultura e entretenimento. É autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows, escreve para o site Overmundo e para a revista Fazer e Vender Cultura.

Ministra cursos, oficinas, workshops e palestras. Já atuou em capacitação de grupos culturais em parceria com o SEBRAE AC. Presta consultoria e assessoria para artistas, empresas e produtores.

Contato: (21) 7627-0690 Rio de Janeiro - RJ - Brasil




Alê Barreto é cliente do Itaú.


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