quinta-feira, junho 17, 2010
"O músico deve assumir a gestão do seu trabalho"
Fábio Neves - Pinho Brasil/Divulgação
Por Alê Barreto
Administrador, produtor cultural independente e palestrante
Quem acompanha o meu trabalho, já deve saber que eu presto consultoria para o Pinho Brasil, duo de música instrumental formado no Rio de Janeiro em 2008, pelo violonista Fábio Neves e o percussionista Márcio Valongo. Mas muita gente não sabe que o Pinho Brasil é um grupo artístico que decidiu planejar e gestionar o seu trabalho.
Esta decisão partiu da análise que Fábio Neves fez do contexto em que se insere seu novo trabalho. Após realizar o bacharelado em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com especialização em violão, e tendo estudado com conceituados professores como Graça Alan, Márcia Taborda, Bartholomeu Wiese, Wagner Meirelles e Marco Pereira, Fábio avaliou que era necessário conhecer "o outro lado da música". Decidiu fazer a pós-gradução "MBA em Gestão Cultural" da Universidade Cândido Mendes. Concluídos seus estudos, no final de 2009 entrou em contato comigo dizendo que queria trabalhar de uma forma diferente.
Eu já fiz muitas reuniões com músicos. Apesar de todas as mudanças da indústria fonográfica, ainda existem músicos que acreditam que o seu trabalho é só compor e tocar. E há também os xiitas que pensam que qualquer um pode ser produtor e que não precisam de ninguém. Fábio me surpreendeu. Mal começamos a primeira reunião e ele disparou: "o músico deve assumir a gestão do seu trabalho".
Percebendo uma visão madura deste músico sobre os novos contextos do mercado cultural, agendei uma reunião após o carnaval. Quando nos reencontramos, percebi que ele realmente acreditava no que estava falando. Recém tinha retornado de uma bem sucedida série de apresentações na Espanha com o grupo "Violões da UFRJ", coordenado pelo professor Bartholomeu Wiese. Fábio atua neste grupo como músico e produtor executivo.
Grupo Violões da UFRJ/Divulgação
Esta nova forma de pensar a gestão da carreira artística voltada para resultados me despertou a vontade de aprender junto com ele.
Em março começamos a realizar reuniões de planejamento, onde a tônica principal é trabalhar a realização das ações culturais com método e estratégia. Avaliamos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. Tudo isso com o objetivo de que Fábio consiga interpretar que cenários são mais favoráveis para as ações do Pinho Brasil e utilize da melhor forma possível os recursos disponíveis.
No meio do caminho, apareceu uma boa oportunidade. Fábio conseguiu uma pauta em um espaço cultural muito bacana do Rio de Janeiro (vejam um músico que "vende" também o seu próprio show) e me convidou para um novo trabalho: assessorar na organização das ações de comunicação.
Centro de Referência da Música Carioca, espaço cultural dedicado à memória, criação, pesquisa e ensino da rica diversidade musical do Rio de Janeiro
Percebam que nas duas situações, tanto para atividades de planejamento, como para comunicação, Fábio não pediu para mim fazer. Fábio me convidou para juntos realizarmos estas atividades.
Tenho certeza que esta postura irá aumentar muito as possibilidades de Fábio avançar em sua carreira artística.
Escute a música Mulher Rendeira, de autoria de Zé do Norte e arranjo do violonista Marco Pereira, sendo executada pelo Pinho Brasil no programa Música e Músicos do Brasil, na rádio MEC, disponível para download gratuito no Banco de Cultura do site Overmundo. Veja como qualidade artística, criatividade, pesquisa, método e estratégia podem caminhar juntos.
Para conhecer mais sobre o trabalho do Pinho Brasil, veja o serviço e se agende:
O que: Show Pinho Brasil - Madeira de Lei
Sinopse: Pinho Brasil é formado pelos músicos Fábio Neves (violão 8 cordas/viola caipira) e Márcio Valongo (bateria) e tem seu trabalho caracterizado por uma nova proposta musical, com a intenção de aproximar o público da harmonia e dos diferentes ritmos que caracterizam a cultura brasileira.
Quando: 2 de julho, sexta-feira
Horário: 19h
Local: Centro de Referência da Música Carioca
Espaço cultural dedicado à memória, criação, pesquisa e ensino da rica diversidade musical da cidade do Rio de Janeiro.
Rua Conde de Bonfim, 824 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
Ingresso : R$ 10,00
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Um comentário:
Fico feliz de ver músicos profissionais entendendo isso de maneira tão clara.
Acredito que de fato a autogestão é o novo paradigma de trabalho dos músicos que querem sobreviver no mercado.
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