sexta-feira, junho 18, 2010

Nasce José Saramago no imaginário de muitos produtores e gestores culturais


José Saramago, obrigado pela sua obra


Por Alê Barreto
Administrador, produtor cultural independente e palestrante


Ouvindo comentários sobre a morte de José Saramago, uma fala me incomodou muito. Uma pessoa disse: "temos ótimos escritores no Brasil, mas a imprensa somente dá atenção ao Saramago". Esta é uma visão muito reducionista. Não acho que devemos perder tempo ocupando nossa mente com isso ou brigando para que só os brasileiros estejam na mídia, só os independentes estejam na mídia, só os índios estejam na mídia, só os excluídos estejam na mídia, só quem já está na TV esteja na mídia. Nestas questões de poder, muitas vezes a reclamação do oprimido gera o futuro opressor. A obra




"A Revolução dos Bichos", de George Orwell, mostra muito bem como isso acontece inúmeras vezes em nossa sociedade. Neste momento, a fábula deve estar acontecendo em vários lugares.

Repito as palavras da professora Ivana Bentes: a mídia somos nós. Acho que temos que ter uma sociedade menos intolerante e que entenda que há espaço para a comunicação de todos os produtos e serviços culturais. Chega de pensar em escassez. Vamos começar a perceber que é preciso diferentes olhares sobre o mundo.

Antes de criticarmos um escritor, um músico, um artista plástico ou um produtor de outro país, baseado em mágoa e rancor pela situação da concentração que se encontra a comunicação no Brasil (mas que está mudando), vamos procurar estar mais abertos. A notícia da morte de Saramago não traz somente o significado de uma perda. Para muita gente, que só conhecia o escritor através do recente filme "Ensaio sobre a cegueira", ou para muitas pessoas que não conheciam sua obra, o zunzum causado pela imprensa irá contribuir para que mais gente fique curiosa em conhecer as várias contribuições que este produtor de cultura trouxe para nosso mundo.

Amplie sua formação de produtor cultural independente. Amplie seu imaginário. Assista José Saramago falando sobre democracia, num trecho do filme "Encontros com Milton Santos" de Silvio Tendler.

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