domingo, junho 13, 2010
Amplie o seu olhar e conheça a arte e a cultura de Angola
Por Alê Barreto
Administrador, produtor cultural independente e palestrante
Como diz a gestora cultural Maria Helena Cunha, é muito importante um produtor cultural conhecer o ambiente artístico. Precisamos entender de administração, economia, planejamento, projetos e várias outras disciplinas. Mas não podemos esquecer que respirar arte é fundamental para o desenvolvimento das competências de um produtor independente.
Pensando nisso, aí vai uma boa dica para quem está em Salvador.
Luanda, Suave e Frenética 2
Dentro das atividades que precedem a II Trienal de Luanda, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) recebe a exposição Luanda, Suave e Frenética 2 – que tem abertura no dia 31 de maio, às 19h, com entrada aberta ao público. O projeto, que é uma iniciativa da Fundação Sindika Dokolo, ocorre em parceria com o Governo da Província de Luanda e o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Secult), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Diretoria de Museus (DIMUS) e MAM-BA. A exposição pode ser visitada gratuitamente de terça a domingo, das 13h às 19h, e aos sábados, das 13h às 21h, até o dia 18 de julho.
“Modelos Institucionais de Arte: salões, bienais e trienais em discussão” é o tema da mesa redonda que acontece no dia 1º de junho, às 18h, na Galeria 1 do MAM, e que dá início ao processo reflexivo da mostra. Participam o artista Fernando Alvim, a diretora e curadora do MAM-BA, Solange Farkas, o diretor de Artes Visuais da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Djilson Midlej, e a professora da Escola de Belas Artes da Ufba, Alejandra Muñoz, que atuará como mediadora.
Luanda, Suave e Frenética 2
A mostra tem curadoria do múltiplo artista Fernando Alvim, também curador da II Trienal de Luanda, e traz um recorte ampliado da primeira versão, que ficou em cartaz na Galeria Solar Ferrão, de novembro de 2009 a janeiro de 2010, quando foram apresentados trabalhos de quatro artistas angolanos. Agora, serão apresentados no Casarão do MAM – principal espaço expositivo do Museu – 15 trabalhos de 13 artistas africanos, que mostram sua visão de Luanda através de interfaces diversas como fotografia, vídeo, instalação, pintura, documentário, curtas e arquitetura.
“O intercâmbio entre artistas e instituições, nacionais e estrangeiras, é uma das prerrogativas da minha atuação como curadora e gestora cultural. Expandir a atuação do museu como espaço de exibição de obras e difundir a troca de experiências e o conhecimento é de vital importância num momento em que se consolida o papel da arte num contexto de culturas globalizadas”, declara Solange Farkas, curadora e diretora do MAM-BA.
De acordo com a diretora do Museu, a mostra permite a ruptura de antigos conceitos, principalmente no que se refere aos aspectos artísticos e culturais. “Neste sentido, a exposição Luanda Suave e Frenética 2 possibilitará ao público baiano conhecer e construir seu próprio imaginário a respeito da arte produzida atualmente em Angola, para além dos exotismos a que, infelizmente, os países fora do eixo Norte ainda são submetidos, quando da análise de aspectos de sua cultura”.
Compõem o cast desta mostra os artistas Chilala Moco, Ihosvanny, Paulo Kapela, Kiluanji, Bamba, Ndilo Mutima, Mástio Mosquito, Nguxi Marcas, Jorge Palma, Pocas Pascoal, Orlando Sérgio, Paulo Azevedo, Marita Silva, Cláudia Veiga e Yonamine. Segundo texto assinado pelo curador, a exposição pretende “abordar a cidade de Luanda, numa perspectiva esférica e mutante, sem ter necessariamente um ponto de observação fixo”.
“A diversidade e qualidade das obras apresentadas nesta exposição afirma a complexidade de um país africano que tem muito a dizer ao mundo, em relação a sua história, às particularidades e universalidades de sua cultura”, analisa Farkas.
Além de ser um projeto que precede a II Trienal de Luanda, Luanda, Suave e Frenética 2 é também um reflexo direto, um retrato da situação política, econômica, cultural e artística contemporâneas de Angola, país colônia de Portugal até 1975 e que, a partir daí, passou por 27 anos de Guerra Civil, adaptando-se, pouco a pouco, aos novos caminhos democráticos.
“Depois dos conflitos internacionais e internos em que tivemos expostos, por razões conhecidas, considero que a arte e a cultura angolanas encontram-se num período de reorganização e reflexão sobre a sua estética e do seu DNA cultural, onde assistimos a emergência de artistas que serão fundamentais para se compreender os sintomas culturais dos angolanos,como aconteceu com o primeiro movimento cultural pós independência nos anos 70 em que a literatura e a musica tiveram um papel fundamental na auto estima dos angolanos”, analisa o curador Fernando Alvim.
II Trienal de Luanda
A II Trienal de Luanda nasce com uma proposta que ultrapassa o território angolano e que está expressa no seu tema – Geografias Emocionais, Artes e Afetos. Além de promover a produção artística de Angola, a iniciativa, que acontece entre os meses de setembro e dezembro de 2010, vai estabelecer um maior diálogo entre os artistas daquele país e artistas e culturas de mais de 30 cidades, em diversos países.
Veja também a programação educativa
Fonte: Museu de Arte Moderna da Bahia
http://www.mam.ba.gov.br/?page_id=1633
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