domingo, janeiro 11, 2009

Autoconhecimento e avaliação de riscos contribuem para a gestão de sua carreira artística


Foto: Bruno Torturra Nogueira


Por Alê Barreto

Depois de várias semanas com a última Trip na mão, aproveitei o domingo ensolarado do Posto 9 na Praia de Ipanema e li uma das reportagens de Bruno Torturra Nogueira que mais impacto me causou nos últimos tempos. Ela me abriu novas possibilidades.

A matéria intitulada "Rumo à Próxima Parada" foi realizada em Okalahoma city, Estados Unidos, onde Bruno capturou o momento atual do músico e compositor Rodrigo Amarante. Você deve estar pensando: "claro, o cara ganhou muita grana na época dos Los Hermanos, agora está só aproveitando". Mas ele está fazendo o que eu e muitas outras pessoas acreditam: trabalhando. A vida pode acontecer se você se implicar para que isso ocorra.

Com uma agenda de 30 shows, durante 38 dias, percorrendo 29 cidades, o músico não está lá graças há um excelente contrato, acertado previamente no Brasil por um agente artístico. Que fique aqui bem claro que não tenho absolutamente nada contra um agente artístico. Acho que este profissional é fundamental na economia da cultura, quando exerce suas atividades com ética e responsabilidade sócioambiental. Estou destacando isso porque é fácil a gente buscar na mente uma resposta fácil para tudo.

Rodrigo Amarante, sua mulher, Bink Shapiro (tecladista e cantora) e Fabrizio Moretti (baterista dos Strokes) alugaram uma van e estão fazendo shows em lugares cuja entrada é US$ 8 e a cerveja US$ 3, como diz Bruno, "(...) coisa de 40 pagantes, mais duas bandas no line-up". Eles carregam os cases e amplificadores, montam e desmontam o palco.

Tudo isso se resume a uma frase que Rodrigo compartilha conosco com muita propriedade:



Há muita coisa boa nessa entrevista, já li duas vezes e após dar uma respirada, vou ler de novo. Destaco três aspectos muito importantes:

- o músico teve coragem de sair de uma situação confortável para correr o risco de fazer o que acredita; ele parece ser uma pessoa que busca muito o autoconhecimento;

- ele tem noção da importância de ser reconhecido, mas não fica parado esperando a crise passar; pelo contrário, está nos Estados Unidos na maior crise econômica que eles já passaram desde a Grande Depressão Mundial em 1929.

Então me veio à mente as palavras do produtor Paulo André, que em 2007, lá em Porto Alegre, falou num debate que fez viagens para Europa com o Chico Science & Nação Zumbi no esquema "mochileiro".

Eu não quero aqui vender a idéia de que a solução da distribuição de shows no mundo é ser um mochileiro. Mas, se for feita uma boa avaliação de riscos, pode ser uma forma de avançar na sua carreira sem ficar somente dependendo da sua capacidade de vender um projeto para um patrocinador ou de conseguir aprová-lo em alguma lei de incentivo. Eu acredito que a atitude é o melhor marketing que alguém pode fazer.

Quem se interessar pela possibilidade de fazer shows como um "mochileiro", mas um mochileiro que costuma planejar sua caminhada, pode encontrar dicas muito legais para a logística das viagens no site O Viajante.



Bom, o principal é realmente ler a entrevista na íntegra. Boa leitura! Reflita sobre o assunto, vale a pena.

Parabéns ao Bruno Torturra e toda equipe da Trip!

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