domingo, junho 22, 2008

Alguns aspectos do processo de constituição do campo de estudos em Economia da Cultura

Artigo de Paulo Miguez, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, apresentado no Seminário Internacional em Economia da Cultura em Recife, 16 a 20 de julho 2007.

A cultura é, certamente, um dos mais relevantes dentre os eixos que organizam a agenda contemporânea. Seus múltiplos enlaces e sua transversalidade face a outras dimensões societárias têm lhe reservado uma posição de indiscutível centralidade no mundo, hoje. E não são poucos os sinais que atestam a presença significativa da cultura nos debates e embates que conformam a contemporaneidade.

Na academia, por exemplo, território que historicamente monopolizou o debate sobre a cultura e seus fenômenos, mudanças de peso têm vindo a ocorrer. Aí, a cultura invadiu campos do conhecimento que até muito recentemente mantinham-se distantes e, não raro, hostis quanto às questões culturais. Transpôs os limites da antropologia e da sociologia, ciências sociais que classicamente, e em regime de quase exclusivismo, dela se têm ocupado, e passou a marcar presença nos estudos e pesquisas em disciplinas científicas tão distintas quanto a história, a geografia, a ciência política, a demografia, a comunicação, a psicologia, as ciências ambientais, o direito, a economia, a gestão. Até mesmo no campo dos estudos tecnológicos, a exemplo das engenharias e, muito particularmente, dos sistemas de computação, a cultura tem alimentado o interesse de pesquisadores.

Fora do universo estritamente acadêmico, a cultura, por conta do tema da diversidade cultural, tem inscrição nas agendas nacionais e nos principais foros internacionais, fruto, com certeza, da aprovação, pela 33ª Conferência Geral da UNESCO, em outubro de 2005, da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, instrumento normativo de fundamental importância para a cultura que tem como premissa básica a compreensão da diversidade cultural como "patrimônio comum da humanidade" (UNITED NATIONS..., 2006a).


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