quinta-feira, maio 26, 2011

Games são cultura?






Por Alê Barreto *

alebarreto@gmail.com


Esta semana assisti no MBA em Gestão Cultural uma aula da professora Lia Calabre. Debatemos um pouco o que é cultura. Num determinado momento, entrou a questão da tensão entre os conceitos de cultura, indústria cultural e entretenimento.

Muita gente, no Brasil e no mundo, utiliza como distinção entre o que é cultura e o que não é cultura, o recorte de classes. Por este viés, quem é "povão" não teria cultura e quem é rico sabe o que é cultura. Há quem guie o seu entendimento sobre o que é cultura a partir do pensamento do alemão Theodor Ludwig Wiesengrund Adorno, filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor da chamada Escola de Frankfurt. Adorno criou o conceito de indústria cultural. Trata-se de uma crítica a lógica das atividades culturais no sistema capitalista. Um tema estudado em quase todos os cursos de comunicação e produção cultural do Brasil. De acordo com este filósofo, a produção em série de conteúdos para cinema e rádio não poderiam ser consideradas arte, pois seriam apenas negócios. Este paradigma, na minha opinião, tem no mínimo, dois equívocos. Primeiro: quem não vive de arte, tende sempre a dizer que quem vive de arte só pensa em negócio. Segundo: TV, cinema, internet, também são meios de criação artística. A diferença central destes meios contemporâneos em relação as outras formas mais tradicionais de arte é que a lógica de produção: o tempo é mais acelerado. Por exemplo: se na área clássica da literatura, autores levam dois, quatro ou até cinco anos para escrever um texto, na área do entretenimento autores escrevem textos para novela em meses, dias e até horas.

Do ponto de vista do papel, podemos esquadrinhar conceitos e justificativas à vontade. O fato é que as novas tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais produzindo uma convergência que, na prática, torna quase impossível separar arte, cultura e entretenimento. Um bom exemplo disso são os video-games. Você pode pensar o que quiser sobre o video-game. Para mim video-game é cultura.

Assista o documentário "Continue?" e tire suas conclusões.



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* Alê Barreto é um administrador e produtor cultural independente. Trabalha com foco na organização e qualificação dos profissionais de arte, comunicação, cultura e entretenimento. É autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows, escreve para o site Overmundo e para a revista Fazer e Vender Cultura.

Um comentário:

Lu disse...

Oi Ale.

Acredito que sim e não só cultura mas também, pode ser uma ferramenta educacional. Estamos na geração da interatividade.
Os games (video games) tem um trabalho artístico muito grande e podem aguçar, instigar novos artístas.
Vou um pouco mais além. Os jogos de RPG (Role play game) são jogos de criatividade e incentivam a leitura e a busca de novos conhecimentos para as histórias e cenários.
Tenho uma ONG que usa o RPG/Live-action como ferramenta cultural e educacional.
Vale a pena o clique: www.confrariadasideias.com.br

Continuo acompanhando seu trabalho e sou fã. Estudo na Escola MASP e já passei seu blog como referência!

Sucesso