quarta-feira, outubro 13, 2010

Especial 29ª Bienal de São Paulo: "realizar uma grande obra coletiva contra a fome, a violência, a destruição e o imperialismo"


No + /CADA - Colectivo Acciones de Arte/imagem de divulgação do site da Bienal


Por Alê Barreto*


Estive há poucos dias atrás na 29ª Bienal de São Paulo com um grupo de convidados da equipe do blog Fatos e Dados da Petrobras, formado por pessoas atuantes na promoção da arte. Preparei um breve roteiro para apreciar a exposição, comentei a importância da ação da Petrobras e comecei a falar sobre as minhas impressões sobre as obras que conheci. Hoje vou continuar falando delas.

A frase "(...) realizar uma grande obra coletiva contra a fome, a violência, a destruição e o imperialismo" é uma tradução livre que fiz de um das frases do "Llamado a artistas del Colectivo Acciones de Arte (CADA)", um manifesto dos artistas ativistas chilenos, exibido no segundo andar do Ibirapuera. Todas as imagens que compõem a obra mostram um forte envolvimento destes artistas na luta contra a ditadura chilena. No + foi uma expressão grafitada exigindo o fim da opressão.

Haviam várias obras em vídeo. Gosto muito de vídeo arte. Entrei em uma sala e comecei a assistir um filme, com um lento e contínuo movimento de câmera. Homens fardados. Um vilarejo. Pessoas paralisadas. Ruas sem calçamento. Um burro atado. Pedras. Enxada. Zoom em homens armados.


Round and Round and Consumed by Fire/Claudia Joskowicz/imagem de divulgação do site da Bienal

Tratava-se do vídeo Round and Round and Consumed by Fire de Claudia Joskowicz. Parecia um estado dominado por armas. Depois descobri que a artista faz uma referência ao filme Butch Cassidy and the Sundance Kid, de 1969.

Nota: muita gente na Bienal. Muitos jovens. Muitas ações educativas com grupos de adolescentes.

Seguindo meu percurso, uma série de imagens me chamou a atenção. Me dirigi até elas. Parecia que estava olhando uma favela, tamanha era quantidade de caixas d´água à vista. Tratavam-se de imagens da artista Otobong Nkanga, que fazem referência a desigualdades sociais na Nigéria.


Dolphin Estate Series/Otobong Nkanga/imagem de divulgação do site da Bienal


Eram fotos de prédios populares em Dolphin Estate, que o governo nigeriano construiu sem fornecer instalações de água, esgoto e iluminação. Nas imagens dá para perceber que população reage ao descaso do Estado em qualquer parte do mundo: trataram de colocar caixas d´água. Detalhe: uma das fotos, cuja descrição era "On Lansdowne Road, Khayelitsha, Cape Town, 16 May 2007, from the series: in the time of Aids", mostrava banheiros públicos com o símbolo da luta contra a Aids pichados nas portas.


A última obra que descrevo hoje me proporcionou uma experiência muito interessante.



"A origem do terceiro mundo" de Henrique Oliveira me levou para um labirinto, um espaço subterrâneo. A caverna construída com materiais rudimentares, madeiras, que parece uma rocha de retalhos de tapume, consegue causar um deslocamento durante a visita. A possibilidade de caminhar, tocar, explorar os espaços, me levou um saudável encontro comigo mesmo.


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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.

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