Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com
Muita gente não sabe, mas muitas empresas investem recursos financeiros em atividades culturais trabalhando suas ações pautadas no conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Entretanto, o currículo da maior parte dos cursos de produção cultural não inclui este tema.
Aproveitando que o Programa de Estudos Culturais e Sociais (PECS) da Universidade Cândido Mendes, a Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC) e Comunicarte estão criando o MBA em Gestão Socioambiental, no qual este conceito é estudado, fiz uma breve entrevista com o Márcio Schiavo, para entender a importância deste conceito. Fui aluno dele no MBA em Gestão Cultural.
Marcio Schiavo é empresário, Doutor em Comunicação, Diretor da Comunicarte Marketing Cultural e Social. Desenvolve projetos e apoia empreendimentos na área do desenvolvimento humano, responsabilidade social e ambiental. É Diretor da ANDI, Conselheiro da ABDL, da SBRASH, da Fundação ABRINQ, Representante no Brasil do Population Media Center. Coordena o MBA em Gestão Social e é professor do MBA em Gestão Cultural da Universidade Cândido Mendes. É também Coordenador da Comissão de Responsabilidade Social do IBP (Instituo Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Produtor Cultural Independente - Apesar da noção de cultura ser transversal a diferentes campos do conhecimento humano, há uma dificuldade de compreendê-la integrada a economia e meio ambiente. As empresas que possuem programas de responsabilidade social corporativa estão mais atentas a esta questão. Como um especialista neste assunto, quais são as contribuições que o estudo de responsabilidade social corporativa pode trazer para a formação de profissionais que atuam em projetos socioculturais, sejam eles técnicos, produtores ou gestores culturais?
Márcio Schiavo - Não pode haver negócio bom em sociedade ruim. É preciso que que todos que integrem a cadeia produtiva de um determinado negócio entenda esta questão. A economia criativa e a economia verde são parte do processo de desenvolvimento e as empresas estão cada vez mais atentas a isso. Seja por obrigação ou por opção.
A formação de profissionais para a área de responsabilidade social é uma exigência do mercado. Não se pode seguir adaptando pessoas pelo simples fato de elas demonstrarem uma certa intimidade com as questões sociais, culturais ou ambientais.
Da mesma maneira que o negócio como um todo necessita produzir resultados, estas áreas, como parte dos negócios, devem também apresentar resultados tangíveis, atingirem objetivos e cumprirem metas.
Produtor Cultural Independente - No Brasil muitas pessoas reduzem a captação de recursos para programas culturais apenas a elaboração de projetos para leis de incentivo. De que forma o estudo de Responsabilidade Social Corporativa pode ampliar a visão de um profissional quanto as formas como as empresas destinam recursos para programas sociais?
Márcio Schiavo - A renúncia fiscal ou os incentivos são recursos importantes para financiar a cultura. Uma política de captação, no entanto, não deve ser restringir a esses favores legais. Outras formas precisam ser pensadas e colocadas em prática por produtores e artistas.
Na área social o financiamento se dá de forma um pouco diferente. São poucas as empresas que usam leis de incentivo (cerca de 5% do financiamento total). Muitas empresas apoiam projetos sociais por convicção. Por saberem que podem e devem contribuir para a melhorias das condições sociais como um todo. Existe também as condicionantes socioambientais que cada dia estão mais presentes, principalmente nos grandes empreendimentos. Para fazer negócio há que se considerar os componentes do Triple Botton Line, ou seja, sua sustentabilidade (áreas sociais, econômicas e ambientais).
A área de responsabilidade Social Empresarial cuida dessas questões dentro das corporações. Saber gerenciar uma carteira de investimentos sociais, ambientais e culturais é a atribuição básica do Profissional de Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Produtor Cultural Independente - Tenho a impressão de que as empresas estão voltando cada vez mais o seu foco na gestão de programas e projetos, para ter maior eficácia na aplicação de recursos.
Existem metodologias que facilitem a avaliação de projetos culturais, esportivos, comunitários, de lazer e de educação? Isso será abordado no MBA em Gestão Socioambiental?
Márcio Schiavo - As empresas estão voltadas para resultados. Quando atuam nas áreas social, ambiental e cultural, igualmente querem resultados. É assim que medem seus progressos e fracassos.
Defendemos que um projeto social bem administrado seja avaliado em três dimensões: progresso (durante a execução das ações programadas), resultados (em que medida os objetivos e metas foram cumpridas) e impacto (como a comunidade onde o projeto foi implantado modificou seus conhecimentos, atitudes e práticas em relação às questões tratadas).
Por outro lado, devemos também medir a taxa de retorno obtido pelo projeto. Com isso queremos dizer que é preciso dimensionar a relação entre o valor gasto e os resultados obtidos. Neste sentido um Projeto pode ser EFICIENTE (fazer mais, com menos), EFICAZ (transformar a realidade com o que foi feito) e EFETIVO (assegurando a continuidade das ações necessárias).
Veja mais informações sobre o MBA em Gestão Socioambiental
[Multipliquem em suas redes sociais, blogs, sites e mailings. Este blog recebeu até agora 181.870 visitas e 389.607 visualizações]
********************************************************************************
Aprenda a organizar seu trabalho e gerenciar sua carreira de forma independente
Ligue para (21) 7627-0690 e agende uma reunião para conhecer os serviços de organização e planejamento de carreira, consultoria, coaching, oficinas, cursos, workshops e palestras.
********************************************************************************
* Alê Barreto é formado em Administração com Ênfase em Marketing pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Suas competências profissionais vem sendo construídas através de sua experiência de vida com artistas independentes, shows nacionais (Acústico MTV Bandas Gaúchas), shows internacionais ("Avril Lavigne", "Steel Pulse"), festivais ("Claro que é Rock", "IBest Rock", "Live n´ Louder"), grupos culturais (Nós do Morro), espetáculos de teatro ("Os Dois Cavalheiros de Verona", "Machado a 3x4" e "Missa dos Quilombos"), projetos sociais ("Sistematização de Experiências de prevenção à violência contra jovens de espaços populares", "Rebelião Cultural" e "Nós do Morro 20 Anos") e gestão de carreiras artísticas (foi empresário da banda banda Pata de Elefante em 2007 e um dos produtores executivos do disco "Um olho no fósforo, outro na fagulha", um dos melhores discos de 2008, segundo a revista Rolling Stone Brasil).
Desde de 2010 é aluno do Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Cândido Mendes, onde cursa a pós-graduação MBA em Gestão Cultural.
Em 2012 está atuando como um dos articuladores do projeto "Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas", do Observatório de Favelas em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (SEC-RJ). A iniciativa que tem o patrocínio da Petrobras vai formar 100 jovens, de 15 a 29 anos, em produção cultural e pesquisa social em cinco favelas do Rio (Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Manguinhos e Rocinha).
Escreve com frequência no blog Produtor Cultural Independente, canal de disseminação de informações (saiba mais), é autor do livro "Aprenda a Organizar um Show", colunista da revista Fazer e Vender Cultura e possui diversos textos recomendados na página de cultura e entretenimento do SEBRAE e em trabalhos de graduação e pós-graduação.
********************************************************************************
Alê Barreto é cliente do Itaú.
Nenhum comentário:
Postar um comentário