quarta-feira, dezembro 14, 2011

Cultura começa a ser vista como prioridade: pesquisa nacional revela que a maioria dos brasileiros já quer mais que saúde, educação e segurança




Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com


Meu amigo do sul Paulo Meira me passou hoje pelo Google + que havia esta boa notícia no site do Senado.

Segue transcrição da notícia na íntegra.


23/11/2011
Para brasileiros, cultura recebe menos atenção e incentivo do que devia

A mobilidade histórica da sociedade brasileira e o fenômeno recente do surgimento de uma nova classe média parece que já estão mexendo com as expectativas de boa parte da população. Pesquisa nacional recém-concluída pelo DataSenado revela que a maioria dos brasileiros já quer mais que a tradicional prioridade para as questões de saúde, educação e segurança. Se 91% dos entrevistados atribuíram importância máxima às áreas de saúde e educação (nota 10, em uma escala de 1 a 10), nada menos que 56% deram essa mesma nota à cultura. Saúde, educação e segurança são prioridades, na avaliação da esmagadora maioria dos brasileiros. Mas o investimento em cultura não é dispensável e deve ser colocado, relativamente, à frente de gastos com esporte e turismo.

Realizada durante a primeira quinzena de novembro (de 31/10 a 14/11), a pesquisa sobre cultura no Brasil entrevistou 1.306 cidadãos, de todas as regiões do país. O nível de confiança dos resultados é de 95% e a margem de erro ficou em 3%. O levantamento descobriu, ainda, que 78% são contrários ao contingenciamento de recursos para o setor. A falta de equipamentos e opções culturais em muitas cidades, principalmente no interior, foram apontados como obstáculos a um maior desenvolvimento do setor. O efeito multiplicador dos investimentos em cultura, seja na geração de empregos, seja no estímulo a diversas atividades econômicas, também foram citados pelos entrevistados.

Maior apoio do governo é fundamental
Na opinião de 83% dos entrevistados, investir em cultura pode contribuir muito para o desenvolvimento econômico do país, enquanto apenas 3% disseram que esse tipo de incentivo não contribuiria. A percepção de que o fomento à área de cultura pode ser muito importante para o desenvolvimento da economia aumenta à medida que crescem os índices de escolaridade e de renda, alcançando 93% entre os cidadãos com diploma universitário e entre aqueles que recebem mais de 10 salários mínimos por mês.

Além disso, também existe a opinião de que o setor de cultura poderia gerar mais empregos e, consequentemente, movimentar mais recursos e renda: para 55%, a área de cultura gera pouco emprego; porém 70% afirmaram que o setor, com mais apoio do governo, poderia gerar muito mais postos de trabalho.

Quando perguntados sobre o principal problema para o desenvolvimento da área de cultura, 38% apontaram o pouco incentivo do governo, seguidos por 31% que disseram tratar-se de má gestão dos recursos. Entre os entrevistados com maior escolaridade e aqueles com maior renda, a opinião de que o dinheiro precisa ser melhor administrado é ainda maior: 46% para quem concluiu o Ensino Superior e 49% para quem recebe mais de 10 salários mínimos mensais. Enquanto isso, nas regiões Norte e Nordeste, a maior parte destacou o pouco apoio do governo – 52% e 40%, respectivamente.

Também foi lembrada como importante contribuição a diminuição da burocracia no setor. Mais de 20% dos cidadãos disseram que essa medida contribuiria para o desenvolvimento da área de cultura, número que atingiu 31% na Região Sul.

Mais da metade da população está fora do circuito cultural
O levantamento do DataSenado procurou conhecer os principais hábitos do brasileiro em relação à cultura e constatou que mais da metade da população esteve completamente fora do circuito convencional nos últimos 6 meses: 72% não foram ao teatro, 66% não visitaram exposição de arte, 54% não assistiram a um filme no cinema e 50% não foram a show ou concerto de música. Por outro lado, quando se trata de comparecimento a festas populares, esse número cai para 37%. E 35% disseram ter ido entre 2 e 5 vezes a essas manifestações culturais no último semestre.

É sabido que brasileiros com maior renda e mais escolaridade têm mais acesso a esses espaços e mais facilidade para frequentá-los. No entanto, os resultados da pesquisa revelam diferenças regionais que merecem atenção. Enquanto 43% dos que moram na região Sudeste disseram não ter ido ao cinema nos últimos 6 meses, essa porcentagem sobe para 68% no Norte. Contudo, quando se considera a participação em festas populares, 41% não frequentaram no Sudeste, caindo para 33% no Norte.

E quais seriam os motivos para essa ausência? As respostas mais comuns foram “não tem na cidade” e “falta de tempo”. Na Região Norte, 48% não foram ao cinema porque não há salas de exibição onde moram. Na Sudeste, apenas 14% indicaram esse motivo. E 35% responderam não ter tempo para assistir aos filmes em cartaz.

Mais uma vez, é preciso ressaltar os dados referentes a festas populares: 16% das pessoas disseram não ter ido por falta de opções na sua cidade. Para todos os demais espaços e eventos culturais, esse número fica sempre acima de 30%. Esses dados podem ajudar a explicar a opinião bastante difundida, compartilhada por 90% dos cidadãos, de que realizar eventos culturais em escolas, praças e espaços públicos é muito importante.

Direito autoral divide opiniões
Outro assunto recorrente quando se discute a produção cultural brasileira diz respeito aos direitos autorais dos produtores e às garantias oferecidas pela legislação. Os resultados evidenciam que esse tema demanda realmente discussão e debate, pois a opinião da população está dividida.

Mais de 50% disseram achar que uma pessoa não deve pagar direito autoral quando assiste a filmes, ouve músicas ou lê livros pela internet. Entre os participantes mais jovens essa opinião é a da maioria, com 66% das respostas para quem tem entre 16 e 19 anos.

Do mesmo modo, o pagamento de direito autoral por parte dos organizadores de eventos religiosos não é consensual. Por um lado, 49% disseram que eventos religiosos devem pagar direito autoral; por outro, 48% discordaram disso.

Por fim, a pesquisa buscou investigar o consumo de produtos piratas pelos brasileiros. Mais de 80% afirmaram conhecer alguém que comprou um filme, CD ou jogo pirata nos últimos 6 meses. O motivo que leva as pessoas a optarem por esses produtos não deixa dúvidas: para 96%, as pessoas compram produtos piratas porque são mais baratos do que os originais.

Outras Informações:
Secretaria de Pesquisa e Opinião - DataSenado
(061) 3303 1211
datasenado@senado.gov.br
www.senado.gov.br/datasenado


Fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/datasenado/release_pesquisa.asp?p=37


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* Alê Barreto é formado em Administração com Ênfase em Marketing pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2005 prestou serviços de produção executiva para Opus Promoções em shows nacionais (Acústico MTV Bandas Gaúchas), internacionais (Avril Lavigne, Steel Pulse) e festivais (Claro que é Rock, IBest Rock, Live n´ Louder). Em 2007 foi empresário da banda Pata de Elefante. Mudou-se para o Rio de Janeiro onde trabalhou como administrador e produtor executivo junto a diretoria do Grupo Nós do Morro até 2009. Hoje é voluntário do grupo.

Desde de 2010 é aluno do Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Cândido Mendes, onde cursa a pós-graduação MBA em Gestão Cultural. Ter trabalhado com artistas, grandes eventos e num grupo importante não alterou o seu modo de vida simples, característico de uma pessoa que nasceu numa cidade do interior do Brasil.

Escreve com frequência no blog Produtor Cultural Independente, canal de disseminação de informações. Saiba mais



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