quarta-feira, setembro 15, 2010

Estereótipo ou formas de se perceber a cultura de Minas?




Por Alê Barreto*


Na próxima sexta-feira embarco para Belo Horizonte. Vou ministrar o curso "Aprenda a Organizar um Show" nos dias 17 e 18 de setembro.

É a primeira vez que vou para Minas. A ideia que tenho deste estado foi formada nos anos 80, 90 e 2000. Nos 80, em aulas de história, geografia, notícias do presidente Tancredo Neves e surgimento do Sepultura. Nos 90 e início dos 2000, minha atenção voltou-se para Minas através da música, com as bandas Pato Fu, Jota Quest, Skank. Mais recentemente, de 2003 para cá, Ladston Nascimento, Uakti, Trio Amaranto e o projeto A Música que Vem de Minas do meu amigo Eduardo Pampani.

Prestando mais atenção em minhas lembranças, vejo que esqueci algo que precisa ser mencionado. Me chama atenção também que agentes culturais em Minas trabalham pela organização do setor cultural. São eles: Kiko Ferreira, o Grupo Galpão, o projeto Sempre um Papo, o produtor Romulo Avelar (autor do livro "O Avesso da Cena - Notas sobre produção e gestão cultural), Maria Helena Cunha (gestora cultural autora do livro "Gestão Cultural: profissão em formação"), o pessoal do Fora do Eixo de Minas e o Coletivo Pegada. Deve haver mais gente. Cito estes porque são os que eu conheço, admiro e considero como boas referências.

Todas estas informações que prendem a minha atenção criam um "desenho" na minha mente. Este desenho me ajuda a decodificar o que pode ser a cultura de Minas. Me faz perceber Minas como um estado onde as pessoas valorizam a organização, onde as pessoas se mobilizam politicamente, onde as pessoas gostam muito de música, teatro e dança. Me parece que Minas valoriza muito o seu patrimônio histórico.

Mas isso que tenho desenhado em minha mente é um estereótipo ou é uma percepção da cultura de Minas?

Segundo a Wikipédia, o "estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade. Sua aceitação é ampla e culturalmente difundida no ocidente, sendo um grande motivador de preconceito e discriminação".

Utilizando este conceito: se eu estivesse afirmando que a cultura de Minas é somente o que eu citei, estaria criando um estereótipo. Como acredito que as informações que tenho são uma amostra de uma grande riqueza cultural existente no estado de Minas, trata-se de uma forma de perceber a cultura mineira.

Resolvi escrever isso porque acho que os produtores culturais independentes devem sair de sua zona de conforto e ter um olhar mais amplo e plural. Não conhecemos tudo. Mas podemos sempre aprender mais.

Quando alguém for visitar um novo lugar, procure aprender. É o que vou fazer durante o meu curso em Minas. Minha forma de ensinar será estar aberto para aprender. Assim acredito que contribuo para conectar ações e pessoas e evito criar ou fortalecer preconceitos.



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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.

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