segunda-feira, agosto 09, 2010

Mercado em expansão para produtores culturais no Estado do Rio




Por Alê Barreto*


Muita gente me escreve solicitando informações sobre o mercado de trabalho do produtor cultural. Não temos ainda no Brasil uma pesquisa quantitativa e qualitativa que forneça este tipo de informações. Mas seguidamente aparecem reportagens que trazem referências para auxiliar nossas escolhas profissionais.

Segue abaixo uma reportagem recente feita por Fabiana Torres para o jornal O Fluminense em 11/07/2010.


Mercado em expansão para produtores culturais no Estado do Rio


Com chance de empregabilidade de 80% e salário inicial médio de R$ 1,5 mil, carreira exige dedicação e identificação com as artes. Procura por cursos de formação é crescente

“Aproximar o artista do seu público”
. Esse é o papel de um produtor cultural, segundo a subsecretária de Planejamento Cultural de Niterói e coordenadora do Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Candido Mendes, Kátia de Marco.

Com salário inicial de R$ 1,5 mil, em média, e expectativa de inserção no mercado de trabalho de 80%, a procura pelo curso de produção cultural é crescente.

“Nas últimas duas décadas, o incentivo à cultura cresceu muito, principalmente em relação ao sistema de financiamento público. A cultura vem sendo institucionalizada desde então, e isso está gerando uma necessidade cada vez maior da profissionalização e capacitação de produtores culturais”, explica Kátia, que vislumbra um futuro promissor para a carreira.

“O público está consumindo mais cultura porque tem mais acesso a ela, e isso já começa a despertar um nicho importante da economia. Não tenho dúvidas de que a produção cultural faz parte das profissões do futuro”, completa.

A subsecretária garante que esse incentivo à cultura deve chegar também ao município de Niterói.

“Estamos montando uma lei (que será levada ao prefeito Jorge Roberto Silveira para aprovação) que porpõe a criação do Fundo Municipal de Cultura, o que deve gerar também uma ampliação do mercado de trabalho na cidade”, revela.

O curso de pós-graduação em Produção Cultural da Candido Mendes foi criado em 2008 e já está na segunda turma.

“O curso surgiu da necessidade de formar profissionais com foco na produção executiva de ações culturais. A carga horária é de 376 horas, sendo composto por cinco módulos. As aulas acontecem aos sábados quinzenalmente, das 8h às 17h”, diz Kátia, que também é presidente da Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC).

O valor do curso de pós-graduação é de R$ 10.560, que pode ser dividido em 22 parcelas de R$ 480. Entretanto, a instituição oferece descontos especiais para associações e instituições ligadas à cultura. Para alunos egressos do curso de graduação em produção cultural da Universidade Federal Fluminense (UFF), o desconto é de 20%.

A funcionária pública e produtora cultural Maria do Rosario Malcher, de 51 anos, decidiu, há quatro anos, mudar o rumo da carreira.

“Sou formada em Direito e trabalho na Justiça Federal desde 1993. Entretanto, em 2006, pedi transferência para o Centro Cultural Justiça Federal, pois sempre gostei dessa área. Mesmo trabalhando na parte administrativa do Centro Cultural, entendi que precisava me especializar. Quando me formei na pós-graduação em Produção Cultural da Candido Mendes, em 2008, fui convidada para ocupar o cargo de coordenadora cultural. Foi uma mudança muito bem-vinda na minha vida”, festeja.


Dos eventos ao próprio negócio

Para os que desejam tornar-se bacharéis em produção cultural, a UFF oferece um curso de graduação desde 1996, que é pioneiro no Brasil.

“O nosso desafio é ter a formação pragmática, que lida com a gestão, e, ao mesmo tempo, ligada à sensibilidade artística. Buscamos formar um gestor sensível às práticas culturais”, conta o coordenador e professor do curso, Luiz Guilherme de Barros Falcão Vergara, ressaltando o crescimento do mercado de trabalho na área.

“Pelo menos 80% dos nossos alunos já saem da universidade empregados. Os outros 20% geralmente investem na carreira acadêmica e vão direto para o mestrado. Esses jovens podem atuar em diversas áreas, como esferas públicas, empresas privadas, no setor de responsabilidade social, em organizações não governamentais, produtoras de terceiros ou abrir o próprio negócio, além da carreira acadêmica, por exemplo”, enumera Vergara.

De acordo com o coordenador, a profissão deve crescer muito nos próximos anos.

“A economia da cultura é a economia do século XXI. Mas, para ter detaque no mercado, o profissional deve ter iniciativa e ser empreendedor. O produtor cultural é um solucionador de problema; ele lida com o imprevisto e com a diversidade. Já no que se refere a questão salarial, acredito que um profissional recém-formado não ganhe menos que R$ 1,5 mil por mês”, avalia Luiz.

O curso de graduação da UFF tem 2.655 horas, divididas em oito períodos. O ingresso é feito através do vestibular.

Com duas propostas de estágio e uma de emprego, o estudante da graduação da UFF, Plínio Chaves, de 21 anos, que está no quinto período, aconselha aos futuros produtores culturais a buscarem as oportunidades.

“A inserção no mercado de trabalho é fácil para quem corre atrás. Não dá para ficar esperando a coisas acontecerem. Eu nunca tive dificuldade para conseguir estágio porque sempre fui em busca das oportunidades. Após a formatura, quero viajar pelo Brasil com espetáculos ou trabalhar em produtoras. Mas também penso em fazer mestrado e, quem sabe, abrir minha própria produtora”, revela Plínio.


Exigência do setor


Outra instituição que oferece capacitação para os futuros produtores culturais é o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). O Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural foi o primeiro da área de humanas a ser implantado na instituição, há sete anos.

“O mercado já estava exigindo profissionais especializados nessa área. De todos os curso oferecidos no IFRJ, esse é o segundo mais procurado. No início, era apenas uma turma. Hoje, temos seis turmas em andamento, com cerca de 40 alunos em cada uma”,
comemora o coordenador do curso Jorge Luiz Pinto Rodrigues.

Os alunos já começam a ser absorvidos pelo mercado de trabalho, segundo Jorge, ainda com o curso em andamento.

“Muito alunos já conseguem emprego antes mesmo de terminarem o curso”
, destaca.
A duração do curso é de três anos e os alunos contam com uma extensa grade curricular que, além de abordar disciplinas voltadas para produção cultural, fundamentos das artes e produção de artes cênicas, por exemplo, aprendem sociologia, antropologa, história da arte etc.

Um profissional que esteja envolvido em um grande projeto artístico pode faturar até R$ 4 mil mensais, de acordo com o professor.


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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.

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