sábado, setembro 26, 2009
Apontamentos sobre o terceiro dia do 4º Seminário Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa
Por Alê Barreto (alebarreto@produtorindependente.com)
O terceiro dia do 4º Seminário Políticas Culturais: reflexões e ações, da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), organizado pelos pesquisadores Lia Calabre e Maurício Siqueira, começou com a conferência "El Plan de Cultura de Colombia 2001-2010: - Hacia una ciudadanía democratica cultural. Perspectivas para el nuevo plan 2010-2020", ministrada por Marta Elena Bravo (Universidad Nacional de Colombia).
Nesta conferência foi apresentada a construção do Plano Nacional de Cultura da Colômbia.
Pontos para reflexão:
- muitos veículos de comunicação mostram a Colômbia através de recortes de notícias relacionados a violência e narcotráfico e não mostram que trata-se de um país pioneiro na América Latina na construção e implementação de políticas culturais.
- o plano nacional de cultura da Colômbia insere a cultura no projeto de construção de nação, cidadania e na integração regional.
- criação, memória, partipação, diálogo e sustentabilidade são pontos de partida significativos na construção das políticas culturais da Colômbia.
- enquanto o Brasil está começando a formalizar um plano nacional de cultura (que é um avanço), a Colômbia está se preparando para o novo plano que vai reger as políticas públicas do país até 2020.
- é fundamental recuperarmos o conceito de diálogo na sociedade.
- Marta Elena Bravo manifestou o seu desejo de que se comece um diálogo entre os planos de cultura da Colômbia e do Brasil.
A riqueza dos conteúdos apresentados levou-me a pesquisar na internet um pouco mais sobre esta pesquisadora. Segue a apresentação que ela fez em junho de 2009 no V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura em Salvador
e o link para as políticas culturais da Colômbia.
Após esta introdução, passou-se para a mesa Processos participativos, planos e políticas" mediada pela pesquisadora Lia Calabre (FCRB).
A primeira fala foi de Sylvana de Castro Pessoa (Fundação João Pinheiro), que apresentou o tema “Participação da sociedade civil na gestão pública da Cultura em Minas Gerais”, dando visibilidade aos diferentes programas que a Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais desenvolve e que abrangem a participação da sociedade civil.
Destaco os seguintes pontos para reflexão:
- a Lei de Incentivo à Cultura, presente em vários estados brasileiros, completou recentemente 10 anos.
- dentre as dificuldades encontradas para o equilíbrio da participação da sociedade civil estão a dificuldade de encontrar pessoas para serem indicadas para todas as áreas necessárias, dificuldade das pessoas trabalharem com avaliação de projetos sem receberem remuneração e integração com as pessoas das cidades do interior do estado de Minas.
- uma alternativa interessante para articular as pessoas nas políticas públicas foi a criação da Rede de Articuladores de Cultura.
A próxima fala foi da pesquisadora Daniele Canedo (UFBA) que apresentou "Cultura, Democracia e Participação Social: um estudo da II Conferência Estadual de Cultura da Bahia".
Dissertação Daniele Canedo
Pontos para reflexão:
- a validação de um processo participativo necessita que este amplie a participação das pessoas, possua uma metodologia acessível e que se procure aplicar o que for sugerido.
- na construção de uma política pública é preciso que as pessoas digam as suas necessidades.
- a maioria das pessoas que participaram da conferência pública de cultura não trabalha só com cultura.
Terminada esta apresentação, um representante da Holon - Soluções Integrativas falou sobre o tema “Inovações em processos participativos - subsídios para novas culturas políticas".
Pontos para reflexão:
- integrar dimensões política, ética e estética.
- percepção processual (a participação é pedagógica e formativa).
- alinhar o papel do Estado na participação.
- formulação participativa: como alguém vai ouvir falar de uma determinada ação daqui há 20 anos?
- num grupo as convergências podem ser mais interessantes que os consensos.
Segue um link muito interessante para o texto "Critérios para avaliar processos participativos".
Encerrando a mesa, Hamilton Faria (Instituto Polis – FAAP) falou sobre "Processos participativos e cidadania cultural".
Hamilton manifestou inicialmente que estava muito contente de visitar a Casa de Rui Barbosa. E lembrou da frase de Clarice Lispector:
"Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza".
Após esta breve reflexão, que aproximou a atenção estética para o debate, Hamilton deixou vários pontos para reflexão:
- o Brasil está se descobrindo, se vendo.
- estar num processo participativo alavanca o desenvolvimento pessoal. Todas as pessoas que se envolvem em algum processo participativo dão novos rumos ao seu processo de vida.
- a existência de processos participativos qualifica a democracia.
- pensarmos na cultura "por todos" e não "para todos".
- traçarmos linhas de convergências.
- pensarmos na cultura como fator fundamental para a qualidade de vida.
- a importância de escutar.
Seguem mais dois links relacionados a duas citações de Hamilton durante sua apresentação:
- a revista "Você quer um bom conselho? Conselhos Municipais de Cultura e Cidadania Cultural", de sua autoria juntamente com Altair Moreira e Fernanda Versolato
- uma das maiores intelectuais brasileiras, a educadora Marilena Chaui, que criou o conceito de "cidadania cultural" quando atuou na secretaria de cultura de SP.
Para quem não conhece ela, coloquei o vídeo da entrevista dela ao programa Roda Viva.
Apontamentos sobre o segundo dia do 4º Seminário Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa
Apontamentos sobre o primeiro dia do 4º Seminário Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa
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