sábado, março 21, 2009

Boa notícia: 73,3 % dos municípios brasileiros podem se desenvolver dinamizando a cadeia produtiva da cultura


Foto: Natália Barros

Por Alê Barreto

Muita gente não sabe, mas a maior parte dos municípios do Brasil são pequenos. De acordo com a publicação "Indicadores Sociais Municipais : Uma análise dos resultados da amostra do Censo Demográfico 2000", em relação ao conjunto dos 5 560 municípios existentes em 2001, observa-se que a maioria (73,3%) possuía até 20.000 habitantes.

Com exceção dos que estão localizados próximos das capitais, a maior parte destes municípios são o que chamamos de interior. Eu sou do interior. Moro atualmente no Rio de Janeiro, mas sou do interior. No interior, as atividades produtivas, ou seja, aquelas que geram renda, por questões históricas decorrentes do processo de desenvolvimento econômico do país, estão concentradas em sua maior parte no extrativismo, agricultura, pecuária, pesca e na indústria relacionada a estes segmentos. Logo após vem o comércio e serviços, que se desenvolve como consequência do crescimento dos setores mencionados.

Quer dizer que nestes municípios as atividades culturais não contribuem para a economia destes municípios? Não. O que ocorre é que as atividades culturais estão "diluídas" entre o comércio e serviços ou muitas vezes são percebidas somente como atividade filantrópica. Acrescente-se a isso o fato de que a TV aberta é o principal meio de comunicação que estas populações tem de conhecer outras realidades. Isso faz com que elas tenham contato com uma diversidade de ações culturais (shows, filmes, entrevistas, etc) que elas não vêem ao vivo no seu dia-a-dia. Isso as leva a pensar, muitas vezes, que na sua cidade "não há cultura" ou que "na sua cidade a cultura não é valorizada".

Ao invés de comparar a sua cidade com as capitais que você vê através da TV aberta, eu convivo a você mudar o parâmetro de comparação. Se você vive numa cidade de até 20.000 habitantes, você vive numa realidade próxima a de 73,3% dos municípios brasileiros. Ou seja, você não é minoria, você faz parte da maioria. Muita gente está na sua situação. Agora imagine o que poderia acontecer, se você que é maioria pensasse que muitas pessoas em sua cidade adorariam ver um programa de TV gerado em sua cidade, que as pessoas de sua cidade ficariam orgulhosas ao saber que pessoas de outras cidades lêem livros de escritores de sua cidade, escutam música produzida em sua cidade, vêem filmes que foram rodados em sua cidade, você continuaria a pensar que na sua cidade a cultura nunca irá se desenvolver?

Eu acredito que é preciso sensibilizar as pessoas em sua cidade para um assunto novo, que é a Economia da Cultura. Segundo o artigo do Sebrae "O Panorama do Setor do Brasil, as atividades de criação, produção, difusão e consumo de bens e serviços culturais representam hoje o setor mais dinâmico da economia mundial, que tem registrado crescimento médio de 6,3% ao ano (enquanto o conjunto da economia cresce a 5,7%).
Apesar de não haver informações totalmente sistematizadas sobre o seu impacto na economia brasileira, a cultura é responsável por aproximadamente 4% do PIB e é reconhecida como um eixo estratégico de desenvolvimento.

Uma excelente dica para começar a se familiarizar com o tema é assistir aos vídeos da entrevista de Ana Carla Fonseca Reis no programa "Opinião Minas", sobre os temas Economia da Cultura e Gestão Cultural.









É preciso que alguém, que pode ser inclusive você que está lendo este texto, comece a apresentar estes conteúdos para formadores de opinião que ocupam cargos de gestão no seu município, legisladores, pessoas que exercem liderança na iniciativa privada, para a importância de desenvolver o seu município através do fomento da cadeia produtiva da cultura. Isso significa investir o seu tempo produzindo encontros e publicações mostrando os benefícios de se destinar recursos financeiros para criadores e produtores culturais, centros culturais, centros de educação e formação de produtores culturais e técnicos de produção das artes, organizações de fomento ao empreendedorismo cultural, formação de críticos culturais, desenvolvimento do jornalismo cultural, turismo cultural, turismo ambiental e cultural, festivais regionais, artesanato e formação de platéia.

Para ampliar suas reflexões sobre de que forma o seu município pode se desenvolver dinamizando a cadeia produtiva da cultura, leia também o livro ECONOMIA CRIATIVA como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento

2 comentários:

Paulo Morais disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Morais disse...

Caro Alê,

Legal ter conhecido este blog, o que aconteceu por acaso. Acompanharei-o. E convido para visitar nosso blog, tem muito conteúdo (inclusive dois livros) em Creative Commons. Fica o convite: www.viraminas.org.br. Apareça!

Grande abraço,
Paulo