quarta-feira, janeiro 07, 2009

Promover encontros, trocas e articular redes para viabilizar sua ação cultural




Por Alê Barreto


"Muitas idéias. Sei que tenho potencial. Acredito no que eu faço. Só me falta o dinheiro..."

Nos primeiros anos em que comecei a exercer a atividade de produção cultural, várias vezes essa frase ocupava os meus pensamentos. Parecia ser uma equação sem solução. Passou 2003, passou 2004 até que no fim de 2005 fui a Salvador e participei do VI Mercado Cultural. Este foi o meu primeiro contato com o conceito de redes.

Participando das palestras e seminários, ouvi relatos de artistas e produtores que estavam viabilizando suas atividades culturais de formas alternativas, preocupados também com a sustentabilidade. Para mim, que na época morava em Porto Alegre e buscava uma resposta para a questão de aprender a gerar os recursos para minhas ações culturais, foi um ponto de mutação.

Em 2006 comecei a buscar mais informações sobre o conceito de redes. Então estabeleci contato com o Fórum de Educação da Restinga e Extremo Sul, com os Pontos de Cultura, com pessoas ligadas a Economia Solidária, Centro de Mídia Independente, Software Livre, as rádios comunitárias e movimentos sociais.

Além disso, criei com outras pessoas o Encontro TARRAFA, uma reunião com vários objetivos:

- desenvolver ações de Ensino Livre Orgânico para criação, ampliação e articulação de redes de produção cultural interdependentes;

- fomentar a cultura de colaboração entre organizações, profissionais autônomos e estudantes que produzem arte no Rio Grande do Sul;

- contribuir para o crescimento e desenvolvimento da cadeia produtiva da economia da cultura através de ações de produção econômica popular solidária, distribuição equilibrada e descentralizada, comércio justo e estímulo ao consumo ético dos produtos e serviços culturais.

A primeira lição que aprendi com estes encontros é que realmente um dos maiores desafios é conhecermos as nossas próprias complexidades, a complexidade do que pretendemos fazer e a complexidade que é trabalhar em grupos grandes com objetivos diversos. Os objetivos do encontro eram ótimos, mas como eu conseguiria articular organizações, profissionais autônomos e estudantes, que como eu buscavam uma solução para a falta de grana, se eu não estava conseguindo manter a minha sustentabilidade e esta rede que eu queria constituir na verdade era um empreendimento social, que também é algo complexo, que precisaria recursos humanos, estrutura e também recursos financeiros para acontecer?

O último episódio deste aprendizado (que ainda não está concluído), aconteceu em 2008, após chegar ao Rio de Janeiro. Recebi em mãos do Luiz Sarmento alguns DVDs com vídeos do Redes Comunitárias, um projeto do SESC que articula e gestiona encontros presenciais voltados para a prática de parcerias entre comunidades populares e voluntários, instituições privadas, públicas e do terceiro setor.



De modo simples e objetivo, cada representante se apresenta e fala o que veio procurar e o que veio oferecer. Todos têm oportunidade de falar e ouvir.
E, quando cada um sabe quem é quem, o espaço se abre para o aprofundamento de relações e formação de parcerias.



Você pode aprender mais sobre esta tecnologia social através dos vídeos e informações disponíveis. E também pode participar de um dos encontros. Veja a agenda de 2009.


O projeto tem uma semelhança interessante com o movimento "Simplicidade Voluntária", que também são encontros regulares em que pequenos grupos de pessoas trocam idéias para ajudar umas às outras a simplificar suas vidas.

Um comentário:

Gabriel de Matos disse...

Grande Alê Barreto. Parabéns pelo blog. Mensagens simples e objetivas, e também, um tanto "clareadoras" a mim, futuro produtor cultural, aluno do curso da UFF. E interessante a idéia das redes, não conhecia, vou tentar participar dos próximos encontros. Abç