quinta-feira, dezembro 18, 2008

Produtor Cultural Independente pode ser um dos 10 empregos com futuro, segundo a revista portuguesa Visão



Texto de Carla Alves Ribeiro publicado na Revista Visão de Portugal em 6 de dezembro de 2007

Muitas pessoas entram em contato comigo para solicitar informações sobre o mercado onde atua o produtor cultural independente.

Carla Alves Ribeiro publicou na Revista Visão uma reportagem intitulada "10 Empregos com Futuro", em 6 de dezembro de 2007. Nela Carla fala informações sobre 10 setores da economia que especialistas acreditam que irão crescer até 2014. Uma das profissões apontadas como emergente é a de produtor cultural independente.

Com fins didáticos e de contribuir com os produtores que estão começando a trabalhar nesta atividade, transcrevo na íntegra esta reportagem, obtida através do site http://www.ver.pt/conteudos/print.aspx?Clipping=1055.


10 EMPREGOS COM FUTURO

Em que áreas vai haver emprego, nos próximos anos? A VISÃO falou com universitários, empresários e especialistas e identificou dez áreas em crescimento e dez trabalhos com boas perspectivas

CARLA ALVES RIBEIRO

Se quer ajuda para escolher uma profissão que lhe garanta emprego no futuro, não recorra ao Ministério do Trabalho, nem ao da Educação nem às associações empresariais. Ninguém saberá dizer-lhe, com algum rigor, quais as profissões que terão maior procura, no mercado de trabalho, durante os próximos anos.

A VISÃO contactou com todas aquelas entidades e o melhor que arranjou foi a indicação de que o Departamento de Trabalho norteamericano, mais concretamente o seu braço estatístico (http://www. bls.gov), divulgou previsões sobre as indústrias e as áreas profissionais que mais crescerão até 2014.

Em Portugal, não se fazem «estudos de antecipação» das necessidades laborais. Fala-se muito na adequação do ensino à realidade das empresas, mas ninguém sabe de que profissionais as empresas precisarão, no futuro.

Quem o afirma é o professor António Brandão Moniz, sociólogo do Trabalho e investigador no Centro de Investigação em Inovação Empresarial e do Trabalho da Universidade Nova, que, em 2001, participou na elaboração de dois estudos para o Ministério do Trabalho. «Os poucos institutos onde se efectuava investigação nesta matéria foram desactivados. Não há inteligência estratégica nesta área», diz Brandão Moniz.

A VISÃO foi, então, recolher as opiniões de especialistas sobre os sectores com futuro, e, dentro de cada um deles, perceber quais as profissões com procura assegurada. tecnologias.de informação e comunicação

Rodrigo Costa, presidente da PTM (grupo ao qual pertence a TV Cabo) e antigo quadro da Microsoft, considera que o futuro está nas «áreas técnicas de engenharia pura. A tendência será para as pessoas se tornarem especialistas numa área de actuação». E menciona algumas profissões, como a dos engenheiros de software especializados em redes ip ou em animação 3D. «Serão eles os operários especializados do futuro», prevê.

António Câmara, presidente da YDreams, empresa criadora de soluções tecnológicas que permitem novas formas de relacionamento com a tecnologia (sem fios ou teclados), em várias áreas (publicidade, educação, entretenimento e ambiente), vencedor do Prémio Pessoa, destaca uma área de futuro: os especialistas em propriedade intelectual. Para empresas inovadoras e com vocação internacional, como a sua, o registo de patentes é uma área fulcral. Os designers de interfaces, os gestores de projectos (profissionais que fazem a ponte entre a parte tecnológica e a comercial) e pessoas preparadas para trabalhar no marketinge vendas, terão, antecipa, grande procura na área das novas tecnologias.

SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL

É um sector em transformação. Segundo José Luís Carvalho, director de planeamento da José de Mello Saúde, o maior grupo privado do sector, existem novas necessidades de técnicos especializados, nas mais variadas áreas. O gestor dá o exemplo da cirurgia ambulatória, mais barata e sem internamento, que tem grande procura. Os hospitais lidam com aparelhos sofisticados, cuja manutenção e funcionamento são garantidos pelos fabricantes. A tendência será para que os hospitais venham a ter pessoal altamente especializado nestas funções. Com o envelhecimento da população, aumentam as necessidades de especialistas em geriatria. Haverá, também, um forte crescimento na área do apoio aos idosos. E, neste campo, uma das profissões com maior futuro é a de técnico de psicogerontologia, cuja função é acompanhar o dia-a-dia dos idosos e proporcionar-lhes melhor qualidade de vida.

TURISMO

«Todas as profissões têm de se reinventar, vão ser mais exigentes e especializadas», argumenta Nuno Santos, administrador do Turismo de Portugal, com o pelouro da Formação. É o caso dos cozinheiros: «O aumento da atenção dada à nutrição, colocam estes profissionais numa nova esfera. Serão cada vez mais procurados», acrescenta.

«As profissões ligadas à gestão de eventos, de animação, turismo de saúde e bem -estar», terão grande procura, prevê Gabriela Botelho, mestre em gestão estratégica do Turismo. «Spas, adrenalina e cavalos deverão ser outras das áreas em crescimento. O golfe também está em alta e faltam técnicos especializados portugueses.

ESTÉTICA EBEM-ESTAR

Health club, spa, wellness centre e ginásios prometem tratamentos cada vez mais sofisticados e receitas milagrosas para um corpo perfeito. Apesar disso, os portugueses estão cada vez mais gordos, sendo que um quarto das pessoas com idades entre os 55 e os 64 anos e obeso. «Perder peso exige uma alteração comportamental e a atitude certa deve ser a da prevenção», diz Teresa Branco, a terminar o doutoramento em controlo de peso e coordenadora da clinica Metabólica. O aumento da esperança de vida e do poder de compra deixam antever um acrescimo da procura na área da cirurgia plástica e dos tratamentos de rejuvenescimento.

AMBIENTE

Com 85% da energia a ser comprada no estrangeiro, Portugal precisa de investir nas energias alternativas. A vice-presidente da Quercus, Susana Fonseca, aponta-as como uma saída profissional segura. Socióloga do ambiente, diz que, além da engenharia, «há outra área a conjugar com esta: os comportamentos.» João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, diz que os cursos de Engenharia estão já «a ajustar-se aos novos paradigmas». Sente que «o mercado está carente de quem saiba trabalhar com energias renováveis» e nota que os alunos que escolhem estas áreas encontram facilmente emprego, no final do curso. Também a micro-geração abrirá, a seu ver, novas oportunidades de negócio: «Vão aparecer muitas empresas a fazer a instalação e manutenção dos equipamentos», mas também «pessoas com formação superior para coordenar e avaliar projectos, ajustar soluções».

TRANSPORTES E LOGÍSTICA

Num mundo de maior mobilidade de pessoas e bens, o campo da logística e dos transportes ganha importância. E uma área em crescimento, até pela posição geográfica do País. Portugal é uma porta de entrada de mercadorias na Europa, há uma aposta em plataformas logísticas, na dinamização dos portos nacionais e em grandes infra-estruturas ferroviárias e aeroportuárias.

De acordo com Ricardo Félix, responsável pela Logistema, consultora nesta área, uma das profissões emergentes é a de gestor da cadeia de abastecimentos (supply chain managef). E o que faz José Aldir, 55 anos, no grupo Unilever Jerónimo Martins. Tem sob asuaresponsabilidade um conjunto de áreas que estão habitualmente em departamentos separados (compras, planeamento global de produção e vendas, produção, armazenagem e distribuição e serviço ao cliente). Esta gestão, mais integrada, da cadeia de abastecimento (dos fornecedores ao consumidor final) permite «rapidez na decisão, num contexto em que a procura se revela cada vez mais flutuante».

CULTURA E ENTRETENIMENTO

A palavra-chave, nesta área, é mix. O mercado está a pedir profissionais multifacetados. Uma profissão que está a emergir é a de produtor cultural independente, diz Miguel Abreu, fundador da primeira produtora independente de teatro em Portugal, em 1987, a Cassefaz. Um profissional que saberá um pouco de tudo, de produção, gestão, animação sociocultural, artes plásticas, programação, que sabe negociar patrocínios, estabelecer parcerias internacionais... Ele próprio caminha nesse sentido: é produtor de espectáculos de teatro, dança e música, actor, gestor cultural, programador. O futuro, diz, está nos espectáculos que misturam várias linguagens artísticas.

Ainda nesta área há oportunidades para quem se queira aventurar como empresário de megaconcertos. «Há respostas do público a grandes provocações. Os espectáculos ao vivo vão explodir e substituirse à venda de discos», antecipa Miguel Abreu. Opinião partilhada por Nuno Artur Silva, das Produções Fictícias: «O espectáculo ao vivo será revalorizado.» Na área do audiovisual e no mundo multiecrã em que vivemos (computadores, TV, telemóveis, computadores, gadgets) há espaço, diz Nuno Artur Silva, para agregadores de conteúdos e outro tipo de mediadores de informação.

MARKETING E COMUNICAÇÃO

O jornalista Joaquim Vieira aposta na área em que trabalha, a da comunicação, como aquela que virá a empregar a maior parte dos trabalhadores em Portugal, à imagem do que já acontece nos Estados Unidos. «A tecnologia vai dominar o futuro e reunir todos os meios de comunicação», afirma o homem que, em breve, assumirão cargo de provedor do leitor no jornal Público. E fora da rede, há espaço para profissões promissoras neste campo? «Assessoria de comunicação. As empresas e as instituições recorrem, cada vez mais, a estes profissionais.»

Da assessoria de comunicação ao marketing a distância é curta. Carlos Brito, doutorado em marketing pela Lancaster University, e professor da Universidade do Porto, vê na Gestão das Relações com o Cliente uma carreira de futuro. «E cada vez mais normal os departamentos comerciais organizarem-se não em função dos produtos, mas dos clientes.»

CIÊNCIAS DA VIDA

As empresas de base biotecnológica começaram a saltar das universidades, em start ups - exemplo disso é a Alfama, dedicada ao desenvolvimento de moléculas com efeito anti-inflamatório -, criadas para explorar os resultados da investigação produzida por estudantes de doutoramento ou pós-doutoramento. «E muito provável que continuem a aparecer empresas inovadoras, associadas às universidades, mas, para vingarem, precisam de ter a frente pessoas com experiência em grandes farmacêuticas», avança o director-geral da empresa portuguesa de medicamentos genéricos Hovione, Guy Villax, 47 anos. Na sua opinião, o perfil de um vencedor nesta área implica formação sólida em Química, Biologia ou outra área das ciências puras, um doutoramento multidisciplinar num país anglo-saxónico, um período de investigação aplicada e uma MBA.

EDUCAÇÃO

Quando o desemprego de professores está na ordem do dia, a Educação é vista como uma área de futuro. António Maria Martins, professor na Universidade de Aveiro, considera que «a sociedade para a qual caminhamos vai exigir mais professores a credenciar saberes».

A necessidade de aprendizagem contínua por parte dos trabalhadores e o crescimento do ensino através da Internet (e-learning) também se afiguram como oportunidades, nesta área.

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