Jovens do Solos Culturais assistindo aula sobre conceito de cultura na Escola de Música da Rocinha
Por Alê Barreto
alebarreto@gmail.com
Eu moro na favela do Vidigal desde 2008, ano que vim para o Rio de Janeiro trabalhar na produção e gestão cultural do Grupo Nós do Morro. Morar no Vidigal, trabalhar no Nós do Morro e trabalhar em projetos conjuntos com o Observatório de Favelas, AfroReggae e CUFA (Central Única das Favelas) me trouxeram a oportunidade de começar a conhecer o que é uma favela, espaço urbano tratado como tabu por muitas pessoas, vinculado a uma representação histórica de ausência. Um espaço que na maioria das vezes é representado pelo que “não seria” e pelo “que não teria” (ver mais no livro “O que é favela, afinal?”, organizado por Jailson de Souza e Silva, Jorge Luiz Barbosa, Mariane de Oliveira Biteti e Fernando Lannes Fernandes). Tenho aprendido que dificilmente é possível compreender a dinâmica de um grande centro urbano sem compreender a cidade como um todo. No Rio de Janeiro a maior parte da população vive nas favelas. As favelas são a cidade.
Por Alê Barreto
alebarreto@gmail.com
Neste
ano, estou tendo outra oportunidade de aprender mais sobre as
práticas culturais das favelas. Sou um dos articuladores do projeto
“Solos Culturais”, uma parceria do Observatório de Favelas com a
Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro. O projeto está
realizando uma formação em produção cultural e pesquisa social
para 100 jovens das comunidades de Manguinhos, Penha, Complexo do
Alemão, Cidade de Deus e Rocinha, com patrocínio da Petrobras.
Trata-se de uma proposta ousada.
Formação,
vivência e pesquisa
Num
momento em que um número expressivo de pessoas está tendo maior
acesso à educação e por isso começando a pensar sobre “o que é
cultura” e qual o papel que ela exerce em suas vidas, num momento
em que a cidade do Rio de Janeiro vive sobre diferentes tensões
provocadas pela vinda da Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em
2016, num momento especial em que muitas comunidades do Rio de
Janeiro começam a ver novamente a presença do Estado, e por fim,
num delicado ano de eleições, o projeto “Solos Culturais”
aposta na tríade formação, vivência e pesquisa como princípio
orientador de seu projeto político pedagógico.
A
formação
Desde
março os jovens tem discutido em sala de aula o que é cultura, o
que é favela, política, política pública, juventude, movimentos
de pertencimento. Além disso tem recebido uma formação
privilegiada em produção cultural, elaboração de projetos,
comunicação e oficina de texto narrativo.
Na
busca pela superação de leituras redutoras sobre a juventude
(biológica, cronológica e historicista), a formação aposta na
capacidade dos jovens de aprender, gerar e mobilizar experiências
socioculturais nos lugares onde vivem.
As
vivências
Até
o presente momento, os jovens do projeto já realizaram um percurso
por diferentes espaços culturais da cidade do Rio de Janeiro.
Inicialmente
fizeram um reconhecimento dos lugares onde vivem e conheceram algumas
das ações, programas e projetos existentes em seus bairros. Depois,
visitaram o Circo Crescer e Viver (Praça Onze), as Bibliotecas
Parque (Manguinhos e Rocinha), o Centro Cultural Banco do Brasil, o
Theatro Municipal, Centro Cultural Justiça Federal, Museu de Arte
Moderna (todos no Centro do Rio), Centro Coreográfico (Tijuca),
Galpão Bela Maré e Lona Cultural Herbert Vianna (Complexo da Maré)
e Arena Cultural Dicró (Penha). Participaram também de atividades
do Festival Internacional de Circo, das exposições “Amazônia:
Ciclos de Modernidade” e “Brasil Cerrado” e de atividades na
Rio +20, do
Estas
vivências visam ampliar o imaginário dos jovens, através do
convívio com diferentes práticas culturais que circulam na cidade.
Também buscam apresentar diferentes linguagens artísticas e modos
de realização.
Começaram
as intervenções
Após
meses de formação, os jovens estão colocando em prática o que
aprenderam. No mês de agosto estão sendo realizadas intervenções
culturais em todos os bairros onde o projeto acontece. Serão
realizados um festival estimulando talentos locais, cineclube e
videodebate na rua, festa na laje, exposições fotográficas,
projeções de imagens e atividades de apropriação do espaço
público e de equipamentos culturais públicos.
Deixo
aqui a dica de lerem neste link mais sobre estas intervenções e
que fiquem atentos, pois em breve estarei divulgando mais informações
sobre este projeto, que em breve inicia sua fase de pesquisa.
*
Alexandre Barreto é um administrador de empresas inovador. Suas
competências para criação, estímulo ao trabalho com método,
conhecimento, gerenciamento de informações, qualidade, com foco em
resultados e responsabilidade socioambiental, têm inspirado muitas
pessoas que produzem ações criativas, eventos, projetos culturais,
manifestações artísticas e empreendimentos de cultura e entretenimento
no Brasil.
É
um profissional empreendedor. Gosta de estratégia, planejamento,
gerenciamento e execução. Incentiva novos profissionais, valoriza as
experiências das pessoas e está aberto a novas propostas e convites.
Está sempre aprendendo. Saiba mais
(21) 7627-0690 alebarreto@gmail.com
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