segunda-feira, agosto 20, 2012

Ideias, inovação e conceitos: projeto Solos Culturais estimula jovens para reflexão e ação na Cidade de Deus, Complexo da Penha, Complexo do Alemão, Manguinhos e Rocinha

Jovens do Solos Culturais assistindo aula sobre conceito de cultura na Escola de Música da Rocinha


Por Alê Barreto
alebarreto@gmail.com

Eu moro na favela do Vidigal desde 2008, ano que vim para o Rio de Janeiro trabalhar na produção e gestão cultural do Grupo Nós do Morro. Morar no Vidigal, trabalhar no Nós do Morro e trabalhar em projetos conjuntos com o Observatório de Favelas, AfroReggae e CUFA (Central Única das Favelas) me trouxeram a oportunidade de começar a conhecer o que é uma favela, espaço urbano tratado como tabu por muitas pessoas, vinculado a uma representação histórica de ausência. Um espaço que na maioria das vezes é representado pelo que “não seria” e pelo “que não teria” (ver mais no livro “O que é favela, afinal?”, organizado por Jailson de Souza e Silva, Jorge Luiz Barbosa, Mariane de Oliveira Biteti e Fernando Lannes Fernandes). Tenho aprendido que dificilmente é possível compreender a dinâmica de um grande centro urbano sem compreender a cidade como um todo. No Rio de Janeiro a maior parte da população vive nas favelas. As favelas são a cidade.

Neste ano, estou tendo outra oportunidade de aprender mais sobre as práticas culturais das favelas. Sou um dos articuladores do projeto “Solos Culturais”, uma parceria do Observatório de Favelas com a Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro. O projeto está realizando uma formação em produção cultural e pesquisa social para 100 jovens das comunidades de Manguinhos, Penha, Complexo do Alemão, Cidade de Deus e Rocinha, com patrocínio da Petrobras. Trata-se de uma proposta ousada.


Formação, vivência e pesquisa

Num momento em que um número expressivo de pessoas está tendo maior acesso à educação e por isso começando a pensar sobre “o que é cultura” e qual o papel que ela exerce em suas vidas, num momento em que a cidade do Rio de Janeiro vive sobre diferentes tensões provocadas pela vinda da Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, num momento especial em que muitas comunidades do Rio de Janeiro começam a ver novamente a presença do Estado, e por fim, num delicado ano de eleições, o projeto “Solos Culturais” aposta na tríade formação, vivência e pesquisa como princípio orientador de seu projeto político pedagógico.

A formação

Desde março os jovens tem discutido em sala de aula o que é cultura, o que é favela, política, política pública, juventude, movimentos de pertencimento. Além disso tem recebido uma formação privilegiada em produção cultural, elaboração de projetos, comunicação e oficina de texto narrativo.

Na busca pela superação de leituras redutoras sobre a juventude (biológica, cronológica e historicista), a formação aposta na capacidade dos jovens de aprender, gerar e mobilizar experiências socioculturais nos lugares onde vivem.


As vivências

Até o presente momento, os jovens do projeto já realizaram um percurso por diferentes espaços culturais da cidade do Rio de Janeiro.

Inicialmente fizeram um reconhecimento dos lugares onde vivem e conheceram algumas das ações, programas e projetos existentes em seus bairros. Depois, visitaram o Circo Crescer e Viver (Praça Onze), as Bibliotecas Parque (Manguinhos e Rocinha), o Centro Cultural Banco do Brasil, o Theatro Municipal, Centro Cultural Justiça Federal, Museu de Arte Moderna (todos no Centro do Rio), Centro Coreográfico (Tijuca), Galpão Bela Maré e Lona Cultural Herbert Vianna (Complexo da Maré) e Arena Cultural Dicró (Penha). Participaram também de atividades do Festival Internacional de Circo, das exposições “Amazônia: Ciclos de Modernidade” e “Brasil Cerrado” e de atividades na Rio +20, do

Estas vivências visam ampliar o imaginário dos jovens, através do convívio com diferentes práticas culturais que circulam na cidade. Também buscam apresentar diferentes linguagens artísticas e modos de realização.


Começaram as intervenções

Após meses de formação, os jovens estão colocando em prática o que aprenderam. No mês de agosto estão sendo realizadas intervenções culturais em todos os bairros onde o projeto acontece. Serão realizados um festival estimulando talentos locais, cineclube e videodebate na rua, festa na laje, exposições fotográficas, projeções de imagens e atividades de apropriação do espaço público e de equipamentos culturais públicos.

Deixo aqui a dica de lerem neste link mais sobre estas intervenções e que fiquem atentos, pois em breve estarei divulgando mais informações sobre este projeto, que em breve inicia sua fase de pesquisa.

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* Alexandre Barreto é um administrador de empresas inovador. Suas competências para criação, estímulo ao trabalho com método, conhecimento, gerenciamento de informações, qualidade, com foco em resultados e responsabilidade socioambiental, têm inspirado muitas pessoas que produzem ações criativas, eventos, projetos culturais, manifestações artísticas e empreendimentos de cultura e entretenimento no Brasil.

É um profissional empreendedor. Gosta de estratégia, planejamento, gerenciamento e execução. Incentiva novos profissionais, valoriza as experiências das pessoas e está aberto a novas propostas e convites. Está sempre aprendendo. Saiba mais

(21) 7627-0690 alebarreto@gmail.com

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