quinta-feira, março 17, 2011

Preparação é fundamental para elaboração de conteúdos interessantes sobre arte e cultura




Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com


Duas coisas acontecem com frequência no Brasil, quando o assunto é jornalismo cultural. Uma é o jornalista copiar e colar quase na íntegra as informações que são enviadas através de um release. A outra é o jornalista não ler as informações que foram enviadas, não pesquisar nada sobre a trajetória do artista e seu momento atual e fazer uma entrevista baseada em clichês ou polêmicas.

Quero destacar aqui que não estou fazendo terra arrasada. Há muitos jornalistas bacanas. Mas estes problemas que citei ocorrem com frequência e as pessoas ficam com medo de falar, achando que serão "queimadas" na imprensa, etc. Para mim, olhar com clareza os problemas e procurar solucioná-los não é algo destrutivo. Tenho certeza que os estudantes de jornalismo que lerem este post terão a oportunidade de se colocar de uma forma diferente no novo mercado de cultura e entretenimento que está se formando no Brasil.

Para uma cobertura rápida, que for ser realizada antes ou depois de um show, sugiro o seguinte: ler com atenção o release do artista e outras informações que o mesmo tenha disponibilizado na internet. A partir disso, pesquise opiniões, comentários e matérias que falem deste artista. Por fim, acrescente a este caldeirão o seu ponto de vista. Tenho certeza que sairão muitas perguntas inteligentes.

Se for uma entrevista longa, aí sugiro seguir as dicas do Ruy Castro, que anotei assistindo a participação dele no Programa Roda Viva em 27/02/2006:

- elaborar umas 150 perguntas; da pergunta 40 em diante, as mais profundas;
- as perguntas devem iniciar agradáveis;
- nunca fazer mais de 1 pergunta por vez;
- se houver “branco” na entrevista, deixar que o entrevistado retome. Aparecem comentários interessantes;
- se possível, numa outra ocasião, fazer novamente as mesmas perguntas (6 meses depois).

Assista o vídeo acima e veja o que pode acontecer quando um artista é abordado por um profissional de comunicação despreparado.


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* Alê Barreto é um administrador e produtor cultural independente. Trabalha com foco na organização e qualificação dos profissionais de arte, comunicação, cultura e entretenimento. É autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows, escreve para o site Overmundo e para a revista Fazer e Vender Cultura.

Ministra cursos, oficinas, workshops e palestras. Já atuou em capacitação de grupos culturais em parceria com o SEBRAE AC. Presta consultoria e assessoria para artistas, empresas e produtores.

Contato: (21) 7627-0690 Rio de Janeiro - RJ - Brasil




Alê Barreto é cliente do Itaú.

2 comentários:

Fábio Neves disse...

Oi Alê, essa dica é bem interessante mesmo! É muito importante a gente, do meio cultural, refletir sobre o material que você disponibilizou. Não podemos esquecer que somos formadores de opinião!!
Por outro lado, sorte do jornalista não aparecer no video... rsrs

Obrigado pelo conteúdo.

Abs..

Alexandre Barreto disse...

Oi Fábio!
Acho que estamos vivendo uma boa fase: compartilhamento de conhecimentos.
Tenho certeza que o diálogo leva ao crescimento.
Obrigado pela sua contribuição!
Alê