sábado, outubro 09, 2010
Produtor cultural é faz tudo? Deve ser babá de artista?
Por Alê Barreto*
Uma das formas de entendermos os diferentes papéis do produtor cultural independente é refletirmos sobre nossas práticas. Isso permite que a gente eleve o padrão de qualidade de nossos serviços.
É muito recorrente no meio cultural você ouvir falar que o produtor cultural é um "faz tudo" ou que deve "saber fazer tudo". Essa semana falei com uma amiga que acompanhou artistas brasileiros em Portugal. Ela disse que em determinados momentos os "artistas" pediam para providenciar até absorvente feminino.
Leonardo Brant em seu livro "Mercado Cultural" afirma:
"observa-se no mercado a procura incessante de produtores, administradores e captadores de recursos, sob o argumento de que o artista não pode dedicar seu tempo a 'coisas menores'".
Romulo Avelar discute também esta questão em seu livro "O Avesso da Cena: notas sobre produção e gestão cultural":
"Se, por um lado, existem pessoas equivocadas atuando como produtoras, mutilando projetos ou avançando sobre funções para as quais não estão devidamente preparadas, por outro, há artistas que não compreendem com clareza certos limites de funções. Insistem em tratar seus produtores como "boys de luxo", ou seja, subordinados mantidos sempre por perto para resolver quaisquer problemas de natureza operacional".
Eu não acho que o produtor cultural é um faz tudo. Acho que muita gente confunde as coisas. Primeiro porque em uma sociedade todos devemos fazer algum tipo de trabalho operacional e cooperar uns com os outros. Acho absurdo se pensar que um artista "não pode fazer nada" ou "não consegue se organizar sozinho" e acredita que a pessoa que se propõe a trabalhar com produção cultural precisa aguentar a falta de postura profissional, caprichos, chiliques e piripaques. Por outro lado, há várias situações em que realmente um artista precisa de pessoas acompanhando diretamente suas atividades, inclusive de ordem pessoal. Em geral isso ocorre por questões de problemas de saúde.
Estarei sendo muito duro? E você, o que acha disso? Você acha que o Produtor cultural é faz tudo? Deve ser babá de artista? Enquanto pensa na resposta, vou me preparar para ir conhecer o Leblon Jazz Festival (http://www.leblonjazzfestival.com.br). Quero ver se assisto os shows do Blues Etílicos e do Celso Blues Boy no palco Oi Futuro.
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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.
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