segunda-feira, outubro 25, 2010
A presença digital contribui para o desenvolvimento de negócios (inclusive os culturais)
Por Alê Barreto*
Uma das primeiras vezes que comecei a entender o que era a "tal" da internet, foi quando visitei meu amigo Fabrício Silveira, em Porto Alegre, em 1996. Na época, em meio a uma conversa em sua casa, no bairro Cidade Baixa, ele disse: "me dá uns dois minutinhos que vou checar se chegou um e-mail com uma tese que pedi para um colega na Europa". Olhei para o computador dele e não entendi direito como poderia ele receber uma tese, da qual eu tinha a ideia de um livro impresso, no computador da casa dele. Dali em diante, as coisas começaram a ficar mais rápidas, não só para mim, mas para muita gente, em diversas partes do mundo.
Em 1999, tive a oportunidade de entrar na empresa de telecomunicações "Claro Digital", conhecida hoje somente por "Claro" e assistir a chegada da era da internet, com uma força que já anunciava o que viveríamos nos dias de hoje.
Desde aquela época, percebi a internet como um espaço que aos poucos vai sendo habitado. É como uma área de território que começa a ser urbanizada. Mas é claro que no processo de urbanização, há várias tensões. A primeira é a pressão para que todo mundo vá morar lá ("todo mundo está indo morar lá"). A segunda tensão é de que é preciso ficar lá o máximo de tempo possível ("fique conectado o tempo todo"). A terceira tensão é a tendência a se utilizar a comunicação para desvalorizar e tornar obsoleto tudo que não pertence a este mundo. Nas cidades isso é comum. As pessoas interessadas em oferecer produtos e serviços em uma nova região da cidade produzem informações sobre a vantagem de se viver no novo lugar e as desvantagens de se viver em outras áreas.
Mesmo com estas e outras tensões, sejam de nosso gosto ou não, é um fato que a comunicação migrou rapidamente para o ambiente virtual. E isso alterou profundamente as relações de mercado. Quem deseja atuar no mundo do trabalho e da nova forma de oferta de produtos e serviços, precisa entender que o deslocamento de atividades para as diferentes redes que constituem a internet cria a noção de "presença digital".
Esta noção induz as pessoas ao entendimento que é preciso estar conectado a tudo e cada vez com maior velocidade. Na minha visão, há um pouco de exagero. Para mim, estar conectado o tempo todo não produz necessariamente resultados. É como trabalhar com horário fixo: há um paradigma no mundo estabelecido de que estar num lugar todos os dias produz resultados, como se toda e qualquer atividade humana necessitasse apenas de que as pessoas estivessem em algum lugar o tempo todo e isso por si só garantisse eficiência e produtividade. Para mim, o que produz resultados é saber utilizar fatores de produção com organização. Sobre isso falarei amanhã e quarta no meu novo curso em Brasília, que se chama "Construa sua presença digital saudável".
Agora veja: muitos negócios estão sendo potencializados pela presença digital das empresas e sua marcas. E isso também vale para o novo mercado cultural e os novos agentes que estão trabalhando neste novo cenário. Vejamos um bom exemplo disso.
No passado, se você digitasse a palavra "produção cultural" na rede, encontraria informações reduzidas sobre o universo desta atividade, pois estava associada em sua maior parte a profissionais que atuavam com formatação de projetos para leis de incentivo. Ou seja: a presença digital do conceito amplo de "produção cultural" era pequena. Hoje se você digitar "produção cultural" irá perceber que a presença digital do conceito ampliou. Um bom exemplo foi a contribuição do site Overmundo (www.overmundo.com.br). Outro bom exemplo é o novo site "Produção Cultural no Brasil" (wwww.producaocultural.org.br).
Tenho certeza que estas e muitas outras iniciativas que estão utilizando em seus conteúdos a presença digital da expressão "produção cultural" estão contribuindo muito para o desenvolvimento de negócios culturais.
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* Alê Barreto é administrador, produtor cultural e autor do livro Aprenda a Organizar um Show, primeira publicação disponibilizada de forma livre e gratuita no Brasil sobre a tecnologia de produção de shows. Trabalha novos conceitos e oferece serviços diferenciados para empresas, produtores, grupos culturais e artistas. Divulga reflexões sobre seu processo de trabalho no blog Alê Barreto e valoriza encantadoras mulheres.
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