segunda-feira, setembro 21, 2009

Leia a entrevista do antropólogo José Márcio Barros sobre formação de quadros para o setor cultural


Revista Observatório Itaú Cultural, página 21


Por Alê Barreto (alebarreto@produtorindependente.com)


Para começar a semana fortalecendo nosso movimento de aprendizado, compartilho com todos uma dica de leitura. Trata-se da entrevista com o professor José Márcio Barros, da PUC Minas e do Observatório da Diversidade Cultural, ambos sediados em Belo Horizonte, publicada originalmente na Revista Observatório Cultural nº6, em que este conceituado profissional fala de sua experiência e atuação em programas voltados à informação, à capacitação e à experimentação das possibilidades de atuação de gestores culturais, arte-educadores, artistas e outros agentes do campo da cultura.


Leia uma das perguntas da entrevista:


Revista Observatório Itaú Cultural: Em artigo no número 2 desta revista o senhor ressaltou que vivemos “numa sociedade de descolamento entre informação e conhecimento”, uma sociedade onde “o excesso de informação não gera conhecimento em quantidade e qualidade proporcionais”. Como enfrentar o desafio de produzir conhecimento nesse tipo de sociedade e garantir que a cultura siga sendo, também em suas palavras, “a experiência fundante do encontro e da troca”?

José Márcio Barros: Mais uma vez, não é nada fácil responder à questão, até porque seu enfrentamento depende da adoção de uma perspectiva radicalmente transversal e ampla, ou seja, não se resolve o problema da cultura apenas no campo da cultura. De forma ampla, precisaríamos partir de uma mudança na perspectiva de pensar o desenvolvimento. Se quiserem, uma mudança de paradigma que reintegre as várias dimensões das políticas públicas e a perspectiva do desenvolvimento humano, tão bem definida pelo Banco Mundial como o equilíbrio entre as quatro formas de capital: o capital natural, constituído pela dotação de recursos naturais com que conta um país, um estado, uma comunidade; o capital construído, gerado pelo ser humano, que inclui infra-estrutura, bens de capital, capital financeiro, comercial etc.; o capital humano, determinado pelos graus de nutrição, saúde e educação de sua população; e o capital social, descoberta recente das ciências do desenvolvimento e entendido como valores e atitudes que garantem a construção de relações de confiança entre os atores sociais de uma sociedade, as atitudes e valores que auxiliam as pessoas a transcender relações conflituosas e competitivas para conformar relações de cooperação e ajuda mútua, ou seja, de reciprocidade, e as atitudes cívicas praticadas que fazem a sociedade mais coesiva e mais do que uma soma de indivíduos. Acho que, se partirmos dessa perspectiva, poderemos realizar inversões e definir prioridades nos diversos campos da educação, da cultura e da comunicação que ajudariam a enfrentar o paradoxo a que Boaventura Sousa Santos chama de “cheio que nos parece oco”.


Leia a entrevista na íntegra


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