sexta-feira, setembro 25, 2009

Apontamentos sobre o segundo dia do 4º Seminário Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa



Por Alê Barreto (alebarreto@produtorindependente.com)

O segundo dia do 4º Seminário Políticas Culturais: reflexões e ações, da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), organizado pelos pesquisadores Lia Calabre e Maurício Siqueira, começou com a conferência "Dilemas en la formación de los gestores culturales - una propuesta con cinco ejes formativos", ministrada por Alfonso Hernandez Barba (ITESO, Universidad Jesuita en Guadalajara, Mexico).

Nesta conferência foi apresentada a trajetória recente da formação de gestores culturais no México, contextualizada dos anos 80 aos dias de hoje, tendo destaque o programa “Formación y capacitación de los gestores culturales” subsidiado pelo CONACULTA(Consejo Nacional para la Cultura y las Artes).

Alfonso fez uma instigante discussão sobre dilemas na formação de gestores culturais, que na sua opinão não são dilemas, pois não são excludentes e sim complementares:

Passado ou presente?
Conservação ou criação?
Reforma ou tradição?
Renovação ou permanência?
Conservador ou liberal?
Impulso ou freio?
Livre desenvolvimento e desregulamentação ou regulação e legislação?
Instituições ou não?
Instituições públicas ou organizações independentes e da sociedade civil?


Por fim, apresentou os cinco eixos temáticos que compõe sua proposta para a formação de gestores culturais:

- teoria e investigação da gestão cultural;
- apreciação das manifestações artísticas e patrimoniais;
- domínio de linguagens e das expressões culturais;
- sistemas, instituições e políticas culturais;
- administração cultural.


Frase deixada para pensarmos:

"(...) la cultura es menos el paisaje que vemos que la mirada con que lo vemos".

MARTÍN-BARBERO, Jesús y REY, Germán. Los ejercicios del ver: Hegemonía audiovisual y ficción televisiva; (Colección Estudios de Televisión). Editorial Gedisa: Barcelona; 1999, 1ª edición.


Após esta excelente introdução, tivemos a mesa “Gestão Cultural: processos formativos” mediada pela pesquisadora e gestora cultural Maria Helena Cunha (DUO Informação e Cultura).

A primeira fala foi da professora Cássia Navas, da Unicamp, que apresentou o tema “Do íntimo, do particular e do público: subsídios para a gestão em dança”.

Destaco os seguintes pontos para reflexão:

- como um artista se inventa?
- a experiência estética vai além da experiência artística.
- a revelação da estética é intima.
- cientistas decifram; artistas cifram.


A próxima fala foi do professor Enrique Saravia (EBAPE/FGV) sobre o tema “Internacionalização da Gestão Cultural: novas configurações e desafios”.

Mais pontos para reflexão:

- as políticas culturais sobrem influências da globalização
- devem atentar para a questão dos direitos culturais, valores políticos e direito da cultura.


Terminada esta apresentação, a pesquisadora e consultora Marta Porto (X-Brasil) falou sobre o tema “Arte e imaginário social: o que cabe as políticas de cultura?”.

Mais pontos para reflexão:

- ao pensarmos em políticas culturais precisamos pensar em como estamos vivendo juntos e como queremos viver juntos no futuro.
- o homem é criação do desejo e não da necessidade.
- para pensarmos políticas culturais precisamos nos deslocar do senso comum.
- é necessário que programas de formação em gestão sejam generalistas, que tenham conteúdos relacionados a experiência estética, no que tange a memória e experimentação.
- a cultura opera com a potência; o social com a vulnerabilidade.
- pensar o acesso à cultura como um processo de formação de subjetividades que necessita de diálogos de repertórios.
- como o Rio de Janeiro se enxerga daqui há 20 anos?
- como produzir gramáticas do nosso tempo?
- como as tecnologias podem ser um meio para nos aproximarmos da nossa época?
- pensar a cultura de forma ampla, como processo, diferente da lógica imediatista e fragmentada dos projetos de curto prazo.
- onde estão os artistas e pensadores da cultura, pessoas que pensam a sociedade de formas não convencionais?


O professor e pesquisador José Marcio Barros (PUC/Minas e UEMG) falou sobre “Processos (trans) formativos e a gestão da diversidade cultural”, tendo como idéias centrais de sua apresentação (mais pontos para reflexão):

- gestão cultural sem política púlblica de cultura: para que?
- diversidade cultural não é apenas um adjetivo da gestão cultural.
- a sociedade civil não é parceira, é um lugar político.
- gestor cultural e suas competências.


Reflexões finais:

- ao pensar em políticas culturais, escutar o campo artístico da cultura. Não nos colocarmos no papel dos artistas. Atentar para a estética da vida (professora Cássia Navas).
- "leveza" e o "método", propostas de Ítalo Calvino (Marta Porto).
- a discussão de todos estes conteúdos como um banquete de idéias (Marta Elena Bravo da Universidad Nacional de Colombia e Maria Helena Cunha).
- a cultura como um rio, que tem fluidez e movimento (José Márcio Barros).

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