sábado, fevereiro 11, 2017

Inovação precisa ir além da estética. Precisamos inovar na distribuição, comercialização e consumo dos serviços.


MoviePass está inovando no conceito de ir ao cinema




Por Alê Barreto *



Falar que o brasileiro, que a cultura brasileira ou que a arte brasileira são repletos de diversidade, criatividade e inovação já virou lugar comum. Os poucos que se atrevem a discordar desta unanimidade, na melhor hipótese, são condenados a uma espécie de prisão na Sibéria do esquecimento. Na pior hipótese, primeiro são linchados virtualmente no Facebook, Twitter, Instagram, para depois serem condenados a Sibéria do esquecimento. Vou me arriscar a falar sobre este assunto. Por favor, não me mande para Sibéria e nem me linche. Estou apenas conversando.

Se você observar, somos os reis da participação em redes sociais. Mas nenhuma destas rede sociais que hoje somos reis da participação estão sob controle de empresários brasileiros. O que chamam hoje de "ápice" do ecossistema de inovação do mundo, está onde? Vale do Silício, EUA.

Face a isso, alguns adotam a postura "vamos nos aliar a eles". Sim, concordo. Temos que aproveitar a tecnologia que já é produzida em outros países. Mas está também na hora de criarmos de uma vez por toda, em cada estado do Brasil, centros permanentes de pesquisa em inovação.

Quando falo em inovação, não falo só de tubos de ensaio, de aceleradores de partículas ou de usinas nucleares. Falo de inovação em distribuição, comercialização e consumo. A maioria dos modelos de negócio existentes no Brasil, inclusive nos setores de arte, comunicação, cultura e entretenimento, não dão conta do potencial do nosso jeito brasileiro de consumir. Acabamos por adotar para nosso mercado interno algo que oscila entre muito básico (com escassas opções e benefícios) ou o que é adotado em outros países. Do mais simples ao mais complexo. Um bom exemplo disso é o táxi. Sempre teve problemas esse serviço no Brasil. Desenvolvemos uma tecnologia para melhorar e poder desenvolver o uso do serviço? Não. Perdemos esta oportunidade. Adotamos o Uber, porque não se investiu no passado em pesquisa sobre distribuição, comercialização e consumo de serviços no Brasil.

Falando de serviços, vejamos o caso do cinema. É inegável que o cinema produzido no Brasil deu um salto de qualidade muito grande. Vários fatores contribuíram para isso. Mas produção é uma coisa, distribuição, comercialização e consumo, é outra. Quem se dedica hoje a pesquisar inovação na distribuição, comercialização e consumo de filmes, por exemplo?

Enquanto você pensa na resposta, imagine o seguinte: nos EUA onde praticamente reside o controle absoluto de distribuição de conteúdo para salas de cinema, TV e internet, há poucos dias um executivo falou em entrevista ao Estadão que "o cinema parou de inovar". Era Mitche Lowe, um dos primeiros executivos do Netflix que agora está à frente do MoviePass. Este novo serviço é similar ao Netflix, mas a diferença é que você paga uma assinatura e assiste os filmes no cinema.

Enquanto sentamos muitas vezes em seminários, debates, mesa de bar e redes sociais para falar sobre o que falta para dinamizar o mercado brasileiro, nos EUA, onde o mercado já está dinamizado, a inovação segue a todo vapor.

Nossas expressões artísticas e culturais, sem dúvida, são inovadoras. Temos um olhar criador muito inovador. Mas a inovação precisa ir além da estética. Precisamos inovar na distribuição, comercialização e consumo dos serviços.



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O cinema parou de inovar como negócio



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* Alexandre Barreto é administrador pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EAD/UFRGS) e MBA em Gestão Cultural pela Universidade Cândido Mendes (RJ) . Empreendedor que dissemina conhecimentos e atua em redes para promover mudanças. Escreveu os livros Aprenda a Organizar um Show e Carreira Artística e Criativa
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