segunda-feira, maio 11, 2015

Documentário "Sal da Terra" mostra uma linda carreira artística independente

Cena do documentário "O sal da Terra"/ Da esquerda para direita:
Win Wenders e Sebastião Salgado



Por Alê Barreto
alebarreto@gmail.com


Gosto muito de pensar sobre as infinitas possibilidades que uma carreira artística e criativa proporciona para quem tem coragem de trilhá-la e cria condições para trilhá-la. Escolher como modo de produção de sua vida profissões para as quais nem sempre há um mercado de trabalho organizado na região do planeta onde você escolheu viver ou que muitas vezes está sujeita à tensões provocadas por oligopólios, não é uma tarefa simples. Ter coragem de experimentar uma carreira artística e criativa, só pelo experimento em si, não importa o tempo que seja, irá proporcionar a você a noção de que você é capaz de realizar algo. E esta realização independente lhe proporcionará a você a sensação de liberdade. Agora, imagine se você estender a experiência de alguns dias fotografando para um tempo tão longo que se confunda com o tempo de sua própria vida. Como seria esta sensação?


Não há uma única resposta para isso. E também não há resposta certa e errada. O que existem são respostas. Respostas mais ou menos intensas.

Uma resposta intensa para esta pergunta é o documentário "O Sal da Terra" de Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, sobre a carreira do fotógrafo Sebastião Salgado. Assisti no último sábado, aqui no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim e recomendo. O filme respondeu algumas questões que sempre busco entender no trabalho de um profissional criativo: como foi sua origem, quando começou a realizar seu trabalho, que questões busca mostrar em seu trabalho, como este trabalho se situa nos diferentes planos de sua vida. 


Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado foram muito felizes na realização deste filme. Conseguiram mostrar a obra artística, os ciclos de trabalho, as questões existências e o pensamento de Sebastião Salgado. A narrativa fisga a sua atenção desde os primeiros minutos até o fim. E no fim, você lamenta que acabou. Fica desejando entrar em uma livraria, em um café, e encontrar toda a equipe do filme, para conversar e saber mais.




Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado/Foto: Ricardo Beliel


Curioso, após o filme, busquei algumas informações recentes na web sobre o documentário e encontrei uma fala muito interessante do Sebastião Salgado sobre Lélia Wanick Salgado, sua esposa:


"é a minha companheira. Na vida, no trabalho, em tudo. Sem ela não teria feito um terço do que fiz".


Muitos podem achar que esta frase é bonita pelo fato de um marido estar reconhecendo o quanto sua esposa contribuiu para a evolução de sua carreira. Eu vou mais longe. É o reconhecimento de um artista experiente sobre o quanto é fundamental o trabalho de produção em uma carreira artística e criativa.

Torço para que alguém também se estimule a fazer um livro ou documentário sobre a história da Lélia Wanick Salgado. Com certeza aprenderemos muito.



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Alê Barreto (ou Alexandre Barreto) é administrador de empresas, gestor cultural, gestor de pessoas, gerente de projetos, empresário artístico, produtor executivo, consultor, criador de conteúdo, blogueiro, professor e palestrante. Concluiu sua formação em gestão pública em cultura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o MBA em Gestão Cultural na Universidade Cândido Mendes (RJ). Gosta de desafios. Isso faz com que esteja aberto a convites, à novas oportunidades e a trabalhar em diferentes lugares. 
Saiba mais

Atualmente reside no Rio de Janeiro, é um dos gestores do Grupo Nós do Morro na comunidade do Vidigal e responsável pela implantação da área de Produção Cultural na Escola de Música da Rocinha.

+55 21 97627 0690 alebarreto@gmail.com

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