terça-feira, junho 10, 2014

Afinal, de quem é o projeto?




Por Alê Barreto*

alebarreto@gmail.com


Neste mesmo momento, em vários lugares do Brasil, alguém está ansioso porque descobriu um edital que pode financiar a sua ideia, mas a ideia precisa estar detalhada na forma de um projeto, o prazo para o envio do projeto termina em uma semana e a pessoa não tem experiência ou não se sente segura para escrever. Já viu alguma situação parecida?

Então a pessoa começa desesperadamente a procurar alguém que escreva o projeto. Lembrando: ela tem uma ideia. Uma ideia talvez com alguma vaga noção de orçamento e alguns detalhes sobre como será sua execução. Mas, acima de tudo, não é um projeto, algo que uma comissão avaliadora leia, entenda a proposta e possa considerar que possui viabilidade técnica, ou seja, que é possível de acontecer.

Aproveitando a febre de estímulo a projetos no Brasil (leia-se “estímulo a produção de grande quantidade de projetos", independente se significam uso do direito público ou privado com qualidade e se estão em sintonia com as demandas da sociedade), a pessoa começa desesperadamente a ativar sua rede de contatos: “preciso de alguém que faça projetos! Indiquem-me alguém!”.

Ela encontra alguém. Na sua mente, é uma pessoa que vai só “formatar o projeto”. Como se fosse pegar um documento no Word e colocá-lo de acordo com as normas da ABNT (que também dá trabalho).

A pessoa que vai escrever o projeto, sabe que está pegando algumas ideias, mas que cabe a ela:

- editar o texto (estabelecer um alinhamento, uma coerência, nexos, corrigir o português);

- escrever textos que sejam necessários e não existam, com detalhes solicitados pelo edital;

- revisar textos (título, objetivo, justificativa, cronograma, plano de ação, pré-produção, produção e pós-produção (ou finalização), distribuição de produtos e serviços, divulgação, respeito à legislação de propriedade intelectual, orçamento (limites de rubricas, o que pode ser financiado e o que não pode ser financiado), currículo de equipe técnica e documentação, normas de acessibilidade, contrapartidas sociais (quando houver), todas e quaisquer normas do edital).

A pessoa que contrata alguém para elaborar o projeto, apesar disso tudo, julga que o projeto é seu, pois o projeto será inscrito com os seus dados. Ela será a proponente do projeto. Ela que prestará contas sobre o dinheiro solicitado.

Contudo, ficou combinado que haverá nos materiais gráficos do projeto um crédito para o trabalho de planejamento do projeto, que pode ser o nome do profissional que elaborou, o nome de sua empresa, sua logomarca, site, blog, etc.

O projeto é aprovado, o patrocínio é obtido e o projeto realizado. Ocorrem problemas na realização do projeto. Ocorrem problemas na hora de prestar contas.


Começam a correr notícias de que "o projeto do fulano deu problema..."

A pessoa que teve a ideia, que neste nosso caso também é a proponente, divulga para todos que os problemas são culpa da pessoa que fez o planejamento do projeto.

A pessoa que elaborou o projeto explica que o projeto foi feito em conjunto com seu idealizador, que todas as partes do projeto e valores financeiros tiveram participação e aprovação do idealizador e que a execução do projeto é de inteira responsabilidade deste idealizador, que é o proponente do projeto.

Afinal, de quem é projeto?




******************************************************************************************************


Leer también el libro "Aprende a Organizar un Show"


Fascículo 1 portugués (Fazer produção, que bicho é esse?) o español (“Hacer la producción”, ¿qué diablos es eso?)

Fascículo 2 - portugués (As Etapas de Produção do Showo español (Las etapas de un show)



******************************************************************************************************


Alexandre Barreto, mais conhecido como “Alê Barreto”, é um profissional multifuncional. Administrador de empresas, gestor de pessoas, gerente de projetos, produtor executivo, consultor, criador de conteúdo, professor e palestrante. 
Atualmente é um dos gestores do Grupo Nós do Morro no Rio de Janeiro (RJ) juntamente com a cineasta e roteirista Luciana Bezerra e está em fase de conclusão do MBA em Gestão Cultural na Universidade Cândido Mendes (RJ). Sua monografia é sobre carreira artística e criativa e conta com a orientação da consultora Eliane Costa.   Leia mais

4 comentários:

Unknown disse...

Quando este curso vem pra Curitiba?

Unknown disse...

Quando este curso vem pra Curitiba?

Alexandre Barreto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandre Barreto disse...

Oi Aline, não vejo hora de ir a Curitiba. Se souber de mais gente interessada ou de pessoas que produzam cursos e workshops, me avise pelo alebarreto@gmail.com

Um grande abraço,

Alê Barreto