quinta-feira, janeiro 19, 2012

Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas busca trazer o foco para o jovem, para sua criatividade, diz Eliane Costa da Petrobras




Por Alê Barreto*
alebarreto@gmail.com


Amigos, vou trabalhar neste projeto do Observatório de Favelas e da Central Única das Favelas (CUFA), em parceria com e a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (SEC-RJ) e patrocínio da Petrobras.

Lembrei então de reproduzir aqui no blog este texto, do Thiago Ansel (thiago@observatoriodefavelas.org.br), publicado no site do Observatório de Favelas.


Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas

O que é cultura? Para as favelas e periferias, após mais de um século de estigmatização, afirmar que algumas de suas práticas são, de fato, culturais é entrar numa disputa por reconhecimento e igualdade.


O que é cultura? Foto: AF Rodrigues

No Brasil, uma maneira muito particular de depreciar alguém é dizer que essa pessoa “não tem cultura”. O insulto diz muito sobre as formas dominantes do conceito de cultura: um conjunto de bens, experiências e conhecimentos específicos que representa um patrimônio que se tem ou não. Nesses termos o conceito de cultura representaria uma grave violência para tudo aquilo que ele exclui, dizendo que as manifestações de um pequeno grupo são aquelas que realmente importam, enquanto deprecia as práticas dos demais.

Desbancar esse tipo de concepção não é nada fácil. Por isso, reconhecer e definir práticas no interior das favelas como culturais é um grande desafio. Encará-lo é um dos principais objetivos do projeto Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas. Criada pelo Observatório de Favelas em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) e a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (SEC-RJ), com o patrocínio da Petrobras, a iniciativa inédita vai formar 100 jovens, de 15 a 29 anos, em produção cultural e pesquisa social, em cinco favelas do Rio. As inscrições ficam abertas até o dia 20 deste mês.

Jovens da Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Manguinhos e Rocinha farão o curso. A intenção é apoiar o desenvolvimento de ações no campo da cultura, que venham ampliar o reconhecimento do papel das favelas na construção da identidade da cidade.

“Queremos trabalhar com culturas que ajudem a ressignificar a vida destes jovens.
Por isso é importante a identificação das diferentes práticas culturais, a partir das vivências que as pessoas estabelecem no cotidiano, suas experiências e suas identidades para construir uma forma singular de cultura. É nessa perspectiva que queremos produzir uma forma específica de pensar a cultura na cidade do Rio de Janeiro”, diz Jailson de Souza e Silva, coordenador geral do Observatório de favelas.

Estímulo à disputa pelo conceito de cultura

Além de intervenções culturais criadas, produzidas e executadas pelos jovens a partir do processo de formação, os participantes aprenderão no curso de pesquisa social a mapear os hábitos e práticas culturais dos moradores das cinco favelas. Com base nos dados reunidos por meio da pesquisa será criada uma Plataforma de Direitos Culturais no Território (PDCT), disponibilizada na Internet. A plataforma terá por objetivo orientar a formulação de ações em cultura, por agentes públicos e privados, nas favelas.

O antropólogo Caio Gonçalves, um dos cooredenadores do projeto, explica que o processo de formação serve exatamente para provocar uma reflexão, a partir do momento em que determinadas manifestações passam a ser entendidas como culturais.

“Por exemplo, temos uma pessoa que faz pipas em uma favela. No momento em que ele passa a chamar essa prática de cultural, ele começa a ter acesso a uma série de mecanismos de produção que podem potencializar o trabalho dele. Então o objetivo da formação é sempre nesse sentido: é uma formação continuada a partir da ressignificação da noção do que é cultura”, ressalta.


Observatório de Favelas

Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas busca com ênfase renovada trazer o foco para o jovem, para sua criatividade, capacidade de articulação, mobilização e liderança. É o que destaca Eliane Costa, gerente de patrocínios da Petrobras.

“É um projeto voltado não só para produção na área cultural, mas também para a memória, reflexão e formação de novos talentos, técnicos e públicos para a cultura. Ele estimula o protagonismo de jovens em suas comunidades, bem como a articulação deles em redes -- hoje uma premissa fundamental da cultura contemporânea”.

A UFRJ, parceira da iniciativa, ao final do curso, dará aos jovens um certificado de extensão universitária. A instituição participa também na construção do projeto político-pedagógico da iniciativa, além auxiliar na formação.

“A contribuição mais importante da universidade é levar sua experiência para além dela própria. Então se trata de romper com esta fronteira, atuar entre o espaço acadêmico e outros espaços. Projetos como este trazem novas formas de pensar para a universidade, porque muitas vezes ela não está atenta. São novos olhares sobre práticas e sobre objetos que, de repente, sem este contato não existiriam. Isso faz com que a própria universidade se renove”, diz Aline Portilho, produtora cultural da Eco-UFRJ.

Legados para a cidade

Sobretudo, com a chegada da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, é cada vez mais necessário que sejam criados mecanismos de integração dos diversos territórios da cidade. Assim, é muito importante que as favelas participem dos processos que envolvem a realização destes eventos. Para isso, é preciso garantir que o potencial criativo das favelas colabore nas diversas heranças deixadas para a cidade pela passagem dos jogos de 2014 e 2016.

Neste contexto, o projeto Redes e Agentes Culturais das Favelas Cariocas promete legar para a cidade uma metodologia de mobilização social que visa produzir conhecimento e experiência nos territórios, através da cultura. Com a formação a meta é oferecer uma educação complementar em que os jovens não apenas reproduzam, mas entendam as necessidades locais. O grande legado, entretanto, é registrar e potencializar expressões existentes nas favelas, nem sempre reconhecidas como práticas culturais.


Participe deste projeto



Multipliquem em suas redes sociais, blogs, sites e mailings.


Retorno da audiência [ACOMPANHE]
Este blog recebeu até agora 165.588 visitas e 360.063 visualizações.


Experimente o prazer de construir todos os dias o mundo que você quer estar.



********************************************************************************



Leia o texto "Quanto custa meu trabalho" publicado no nº 6 da revista Fazer e Vender Cultura, uma publicação da Associação dos Amigos da Cultura (Clube da Cultura) com patrocínio da Oi e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com apoio do Oi Futuro.


********************************************************************************



* Alê Barreto é formado em Administração com Ênfase em Marketing pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2005 prestou serviços de produção executiva para Opus Promoções em shows nacionais (Acústico MTV Bandas Gaúchas), internacionais (Avril Lavigne, Steel Pulse) e festivais (Claro que é Rock, IBest Rock, Live n´ Louder). Em 2007 foi empresário da banda Pata de Elefante. Mudou-se para o Rio de Janeiro onde trabalhou como gestor cultural junto a diretoria do Grupo Nós do Morro e produtor executivo de espetáculos como "Os Dois Cavalheiros de Verona" e "Machado a 3x4".

Desde de 2010 é aluno do Programa de Estudos Culturais e Sociais da Universidade Cândido Mendes, onde cursa a pós-graduação MBA em Gestão Cultural.

Em 2011 foi produtor executivo da "Missa dos Quilombos", composta em 1981 por Milton Nascimento, Pedro Tierra e Dom Pedro Casaldáliga, direção de Luiz Fernando Lobo, encenado pela Cia Ensaio Aberto no Armazém da Utopia, Cais do Porto, Rio de Janeiro. Veja fotos e trechos do espetáculo.

Escreve com frequência no blog Produtor Cultural Independente, canal de disseminação de informações (saiba mais) e a colunista da revista Fazer e Vender Cultura.




Comece a trabalhar com mais organização. Faça o seu trabalho fluir.

Mais importante que ter formação ou experiência é ter atitude e querer aprender a disciplina de investir em seu sonho. Acredite em você e no seu trabalho. Ligue para (21) 7627-0690 e veja como contratar serviços úteis e acessíveis, cursos, oficinas, workshops e palestras.

Nenhum comentário: